Jornal Estado de Minas

NOVA ORLEANS

Diques de Nova Orleans passam no teste com furacão Ida

Desta vez, eles aguentaram. Os diques que protegem Nova Orleans, reconstruídos a um alto custo após a passagem do furacão Katrina em 2005, impediram que o ciclone Ida devastasse a cidade na noite de domingo e na madrugada de segunda-feira.



Ida tocou o solo no domingo em Port Fourchon como furacão de categoria 4, "chegou com tudo o prometido: cheias, chuva, vento", explicou na segunda-feira o governador da Lousiana, John Bel Edwards, durante um encontro com o presidente americano, Joe Biden.

O governador elogiou o "magnífico desempenho" do imponente sistema de proteção construído ou modernizado após a passagem do Katrina, de categoria 3. O projeto custou 14,5 bilhões de dólares.

Situada na foz do rio Mississípi, em uma região abaixo do nível do mar, a cidade de Nova Orleans é cercada pelas águas: o lago Pontchartrain a margeia ao norte e o Golfo do México a banha ao sul.

Mas, apesar da quantidade de água trazida pelo Ida, os diques "não submergiram, nenhum cedeu", comemorou Edwards.

Para valorizar o feito, "o único que é preciso fazer é ver o que aconteceu há 16 anos", disse no mesmo dia à NBC.

Em 2005, devido aos ventos potentes e à força da água crescente, mais de 50 diques cederam e 80% da cidade ficou submersa em até seis metros em algumas áreas. O Katrina deixou mais de 1.800 mortos e danos de bilhões de dólares.



O sistema cumpriu "o papel para o qual foi concebido, manter a água fora da cidade", explicou à AFP Rene Poche, porta-voz do corpo de engenheiros do Exército em Nova Orleans.

- Muros de concreto -

Após a passagem do Katrina, 210 km de muros de concreto, alguns com cerca de 10 metros, foram erguidos ao redor da cidade para protegê-la.

Os diques foram elevados e reforçados. Gigantescas eclusas permitem agora lançar as águas no lago Pontchartrain ou no Golfo do México, e impedem que a água entre na cidade, diz Poche.

O sistema de proteção também inclui mais de 70 bombas que drenam a água para as eclusas em caso de inundação das ruas.

"Depois do Katrina, era necessário um sistema mais sólido: diques e muros mais altos e resistentes. Que a água pudesse transbordar, mas não solapar" a estrutura, agrega Poche.

Os diques da maior cidade da Louisiana passaram com sucesso no primeiro teste durante o furacão Isaac, em agosto de 2012, que causou poucos danos.



Mas algumas cidades vizinhas não tiveram a mesma sorte. Em LaPlace, a oeste de Nova Orleans, várias vias foram inundadas pela água trazida pelo Ida.

Esta cidade de 30.000 habitantes, que se salvou do Katrina, mas sofreu com Isaac, deverá estar mais bem protegida quando tiver sido concluído um projeto de dique de 30 km às margens do lago Pontchartrain, afirma Poche.

Após tocar o solo, Ida perdeu força e segue seu caminho rumo ao nordeste do país como depressão tropical.

"É um grande alívio que os diques não tenham cedido ao redor de Nova Orleans", comentou pelo Twitter o historiador Andy Horowitz, autor de um livro sobre o furacão Katrina.

"Mas a lição de Ida não é que as proteções da cidade contra furacões são suficientes. É que os investimentos em infraestrutura salvam vidas. Devemos fazer muito mais", afirmou.

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