As inundações causadas pelas chuvas torrenciais do furacão Ida deixaram pelo menos 44 mortos em Nova York e em outros pontos da costa nordeste dos Estados Unidos nas últimas horas, em meio às históricas tempestades e inundações provocadas pela passagem do furacão Ida - informam os balanços mais recentes divulgados na madrugada desta sexta-feira (3/9).
Em muitas estações, a água caía em cascata sobre os trilhos. Além disso, centenas de voos foram cancelados nos aeroportos da região de NY - Newark, LaGuardia e JFK.
A polícia de Nova York informou que pelo menos 13 pessoas morreram, muitas delas presas em porões e abrigos insalubres, no subsolo de imóveis de Manhattan, do Queens, ou do Brooklyn.
"Entre as pessoas que mais correm risco durante as inundações repentinas aqui estão as que vivem em casas subterrâneas não registradas, que não cumprem os códigos de segurança", tuitou a representante (deputada) Alexandria Ocasio-Cortez.
São "famílias da classe trabalhadora, imigrantes e pessoas de baixa renda", acrescentou.
"Tenho 50 anos e nunca vi tanta chuva", disse à AFP Metodija Mihajlov, dono de um "hostel" no Upper West Side, um estiloso bairro perto do Central Park.
"Era como uma tempestade tropical, como na selva. Incrível", disse o empresário.
Ao norte Manhattan, o condado nobre de Westchester ainda se encontrava sob a lama, e muitas das tradicionais casas da costa leste tinham até 60 centímetros de água. Uma das autoridades do condado, George Latimer, disse à rede CNN que três pessoas morreram afogadas, quando tentavam fugir de carro.
"Acho que perdemos tudo", dizia entre lágrimas Marcio Rodrigues, um mecânico entrevistado pela AFP em sua inundada garagem, em Mamaroneck, ao sudoeste do condado.
No estado vizinho de Connecticut, um agente de trânsito faleceu.
O maior número de vítimas é no estado de Nova Jersey, onde "pelo menos 23 pessoas perderam a vida", declarou seu governador, Phil Murphy, acrescentando que a maioria foi surpreendida em seus automóveis e, provavelmente, afogaram-se.
Na Filadélfia, estado da Pensilvânia, as autoridades locais relataram quatro óbitos.
'Fenômeno meteorológico histórico'
A Casa Branca declarou estado de emergência nos estados de Nova York e Nova Jersey, ordenando aos agentes federais que "identifiquem, mobilizem e forneçam à vontade equipamentos e recursos necessários".
"Estamos todos juntos nisso. A nação está pronta para ajudar", disse o presidente Joe Biden, que nesta sexta-feira planeja viajar para o estado de Louisiana, onde Ida destruiu edifícios e deixou mais de um milhão de casas sem energia.
A declaração de "estado de emergência" por estas inundações não tem precedentes em Nova York, informou o serviço meteorológico americano (NWS, na sigla em inglês). Segundo esta agência, registrou-se um recorde absoluto de 80 mililitros de chuva por metro quadrado em uma hora no Central Park.
Na quarta-feira à noite (1º/9), a nova governadora de Nova York, Kathy Hochul, decretou estado de emergência pelas "graves" inundações em todos os condados que cercam a cidade, o que corresponde a em torno de 20 milhões de pessoas potencialmente afetadas.
"Estamos enfrentando um evento climático histórico esta noite com chuvas recordes em toda cidade, inundações brutais e condições perigosas em nossas ruas", disse o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, na mesma noite.
É raro que tempestades como essa atinjam a costa nordeste dos Estados Unidos. Isso ocorre quando a camada superficial dos oceanos se aquece, devido às mudanças climáticas.
Várias autoridades políticas atribuem estes fenômenos meteorológicos extremos à mudança climática, duas semanas após as fortes chuvas provocadas pela tempestade Henry.
"O aquecimento global é uma realidade e ficará cada vez pior, a menos que façamos algo a respeito", alertou o senador Chuck Schumer.
O aquecimento global está fazendo os ciclones ficarem mais poderosos e transportarem mais água, o que representa uma ameaça crescente para as comunidades costeiras de todo mundo, de acordo com cientistas.
O furacão Ida passou a ser considerada uma tempestade pós-tropical na quinta-feira, conforme se aproximava da Nova Inglaterra.