Razia Barak Haidari, 26 anos, recebeu um soco na orelha, na manhã desse sábado. A professora universitária, desempregada desde que o Talibã retornou ao poder, em 13 de agosto passado, contou ao Correio que sente muitas dores no ouvido e na cabeça. A agressão foi cometida por talibãs, que reprimiram um protesto organizado por ela. "Eles usaram pistolas Taser (choques elétricos), spray de pimenta, gás lacrimogêneo e chicoteadas. Os talibãs nos cercaram e começaram a nos agredir", afirmou, por meio do Messenger e, depois, pelo WhatsApp.
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Ela acredita que protestos similares nas províncias de Herat e de Nimroz levarão as mulheres afegãs a lutar. "Nós já estamos lutando. O Talibã não tem respeito algum pelas mulheres, mas estamos lutando para sobreviver", desabafou Razia.
A ativista teme que os talibãs comecem a executar manifestantes nos próximos dias. "Na quinta-feira, duas professoras foram assassinadas por eles na cidade de Herat. Os talibãs apedrejarão todas as afegãs ativistas e educadas. Algumas serão colocadas sob prisão domiciliar", prevê. Razia pede à comunidade internacional para que se simpatize com a causa das mulheres do Afeganistão. "Nós não temos nenhum simpatizante, nem mesmo um governo que nos apoie", lamentou. "Pedimos ao mundo para que não reconheça o governo do Talibã."