"No vilarejo de Chenna, morreram 125 (...) Eu mesmo vi a vala comum", disse à AFP Mulugeta Melesa, chefe do hospital da cidade vizinha de Dabat, a 25 quilômetros de Chenna.
Os moradores "ainda procuram cadáveres na área", e "a contagem ainda está em andamento", acrescentou.
Um porta-voz da Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF) negou que os rebeldes tenham sido os responsáveis pelo massacre.
"Rejeitamos categoricamente as alegações de que nossas forças estão envolvidas no assassinato de civis", disse Getachew Reda no Twitter, pedindo uma investigação independente de "todas as atrocidades".
O norte da Etiópia tem sido palco de combates intensos desde novembro, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed enviou o Exército para Tigré para expulsar as autoridades regionais dissidentes da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF).
Segundo ele, essa intervenção foi uma resposta aos ataques a acampamentos militares federais orquestrados pela TPLF.
O ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2019 declarou vitória no final de novembro, depois que os soldados etíopes assumiram o controle da capital regional Mekele. No final de junho, porém, as forças rebeldes pró-TPLF recuperaram o controle de grande parte da região.
Na sequência, os rebeldes estenderam sua ofensiva às regiões vizinhas de Amhara e Afar, a fim de acabar com o que eles descrevem como um bloqueio humanitário do Tigré e para evitar que as forças pró-governo se reagrupem.
Esta propagação dos combates, que deslocou centenas de milhares de pessoas, foi acompanhada por acusações de execuções sumárias e de bombardeios indiscriminados por parte dos rebeldes. A TPLF rejeita essas acusações.
Os moradores de Chenna disseram que as forças pró-TPLF controlavam o vilarejo no final de agosto, antes do início dos combates contra tropas pró-governo no início de setembro, relatou à AFP Sewunet Wubalem, administrador do distrito de Dabat.
Os rebeldes assassinaram civis durante vários dias no início de setembro antes de recuarem, disse ele.
Alguns feridos foram levados para o Hospital Universitário da cidade de Gondar.
"Os cadáveres não chegam até aqui, mas há civis feridos que vieram", declarou o vice-diretor do Hospital de Gondar, Ashenafi Tazebew.
"Recebemos quase 35 civis, mas não tenho certeza se todos vieram do massacre de Chenna. A maioria deles tem ferimentos a bala", relatou.
"Alguns deles perderam familiares assassinados e estão pedindo para ir ao enterro", mesmo que precisem de tratamento, acrescentou.
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