Os aumentos da gasolina continuam sendo o principal impulsionador do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), mas ao excluir os preços voláteis da energia e dos alimentos, a inflação subjacente foi de apenas 0,1%, seu menor registro desde fevereiro, informou o Departamento de Trabalho.
Nos últimos doze meses até agosto, a inflação subjacente foi de 4%, três décimos abaixo em relação ao salto anual em julho.
A inflação foi menor do que o esperado pelos economistas e o relaxamento da pressão sobre os preços dá força ao argumento do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de que os aumentos de preços recentes se devem a fatores temporários que vão se evaporar à medida que a maior economia do planeta se recupera da pandemia da covid.
Os preços dos combustíveis subiram à medida que os americanos voltaram a viajar de carro e avião. A gasolina subiu 2,8% em agosto, o terceiro aumento mensal, após os ajustes da temporada de verão. Subiram 42,7% no último ano, segundo o informe.
Enquanto isso, os carros novos, cuja produção é fortemente perturbada pela escassez mundial de microchips, viram seus preços subirem 6,4% em relação a agosto de 2020. Trata-se da alta mais importante desde janeiro de 1982 para o setor.
Ao contrário, os preços dos carros usados diminuíram pela primeira vez desde fevereiro (-1,5%). Em 12 meses, o aumento continua sendo importante, de 31,9%.
As passagens de avião diminuíram entre julho e agosto (-9,1%) por causa da variante delta do coronavírus, que dificulta os deslocamentos.
- O problema do abastecimento -
As dificuldades mundiais de fabricação e entrega de produtos por causa da pandemia há um ano pressionaram a alta dos preços de muitos produtos.
Mas, "parece que o impacto das perturbações da cadeia de abastecimento e a escassez também se detêm, (é) uma evolução positiva", reflete Rubeela Farooqi, economista-chefe da High Frequency Economics, em nota, após a queda da taxa anual de inflação de 5,4% em julho para 5,3% em agosto.
Da mesma forma, a inflação em 12 meses continua sendo muito alta, próxima de seu maior nível em 13 anos.
- "Cedo demais para cantar vitória" -
A inflação deveria permanecer "alta e persistente porque os desequilíbrios entre oferta e demanda só serão resolvidos progressivamente", destacou Kathy Bostjancic, economista da Oxford Economics.
Esta especialista espera que a inflação se situe acima de 2% durante todo o ano de 2022.
Estes dados serão observados detalhadamente por membros do Comitê Monetário do Federal Reserve (Fed), que se reúnem na semana que vem.
O Fed deveria reforçar "esta leve queda da inflação" em 12 meses, destacou a economista Diane Swonk, da Grant Thornton, em um tuíte.
No entanto, adverte, "é cedo demais para cantar vitória (...) A chave é saber qual efeito a escassez (de materiais) e a variante delta e suas sucessoras terão sobre a demanda".
O Fed também leva em conta para estabelecer seus alinhamentos de política monetária o emprego, que teve um desempenho medíocre em agosto depois de uma forte melhora em junho e julho.
O banco central considera mais relevante de qualquer forma outro índice da inflação, o PCE, que em julho registrou 4,2% em 12 meses frente a 4% em junho, embora também tenha registrado uma leve queda de 0,5% em junho a 0,4% em julho.
WASHINGTON