Em nota, a HRW afirma que o presidente "tentou intimidar o Supremo Tribunal Federal, indicando que poderia cancelar as eleições de 2022 (...) e violou a liberdade de expressão de críticos de sua gestão".
Ainda de acordo com a ONG, estes comportamentos "são parte de um padrão de ações e declarações que parecem destinadas a minar direitos fundamentais, instituições democráticas e o Estado de Direito no Brasil".
A campanha de Bolsonaro contra o STF, que abriu várias investigações contra ele e seu entorno, e contra a credibilidade do sistema de votação eletrônico, atingiu seu auge em 7 de setembro, Dia da Independência.
Diante de milhares de seguidores que saíram às ruas para apoiá-lo em Brasília e em São Paulo, o presidente anunciou que rejeitaria as decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes, classificou o voto eletrônico como uma "farsa" e fraudulento, acrescentando que "somente Deus" poderia retirá-lo do poder.
"O presidente Bolsonaro, fervoroso defensor da ditadura militar brasileira, está cada vez mais beligerante contra o sistema democrático de separação de poderes", disse o diretor para as Américas da HRW, José Miguel Vivanco, no mesmo comunicado.
Na quinta-feira da mesma semana (9), Bolsonaro recuou e garantiu que seus ataques e ameaças foram pronunciados "no calor do momento".
"No entanto, não retirou sua acusação infundada de que o sistema eleitoral brasileiro não é confiável, declaração que reiterou em 7 de setembro", lembrou a ONG.
Ameaçado pela inflação, pelo desemprego e por uma gestão caótica da pandemia que derrubou sua popularidade, há meses Bolsonaro desacredita, sem provas, a urna eletrônica, utilizada desde 1996 no país, e pede o retorno do voto impresso.
Segundo as pesquisas, Bolsonaro seria amplamente derrotado nas eleições de 2022 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda não confirmou sua candidatura.
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