Jornal Estado de Minas

GENEBRA

Pandemia acelera mudança de investimento em inovação para a Ásia

A pandemia de covid-19 acelerou a mudança de investimento em inovação da Europa e América do Norte para a Ásia, de acordo com o ranking global das Nações Unidas publicado nesta segunda-feira (20).



O Índice de Inovação Global 2021, da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (WIPO), uma agência da ONU com sede em Genebra, revelou uma tendência crescente em direção à Coreia do Sul e à China.

O índice representa a média de dois subíndices, permitindo avaliar os elementos da economia - como instituições e infraestruturas - que favorecem as atividades inovadoras e os resultados das atividades inovadoras na economia (resultados do conhecimento e da tecnologia e os chamados resultados criativos).

"A pandemia acelerou a mudança geográfica de longo prazo das atividades de inovação para a Ásia, apesar do fato de que a América do Norte e a Europa continuam a hospedar alguns dos maiores investidores em inovação do mundo", observou a WIPO.

Enquanto os quatro primeiros colocados no ranking mundial permaneceram os mesmos do ano passado, com a Suíça liderando pelo décimo primeiro ano consecutivo, seguida pela Suécia, Estados Unidos e Reino Unido, a Coreia do Sul subiu cinco posições, para ocupar agora o quinto lugar na lista.

O índice constatou "aumentos substanciais nos valores das marcas na Coreia, em marcas registradas, mas também nas exportações de serviços culturais e criativos", declarou o co-editor do relatório Sacha Wunsch-Vincent a repórteres, mencionando o fenômeno K-Pop.



Holanda, Finlândia, Singapura, Dinamarca e Alemanha completam os 10 primeiros colocados do ranking.

Enquanto isso, a China prossegue avançando em direção aos dez primeiros e continua sendo o único país de renda média entre os 30 primeiros, subindo duas posições, para o 12º lugar.

Wunsch-Vincent destacou que os investidores em inovação do país eram individualmente fortes e que a China agora está tentando conectá-los melhor "para que a pesquisa pública impulsione a inovação comercial".

Turquia (41º), Vietnã (44º), Índia (46º) e Filipinas (51º) também estão em alta.

"Além da China, essas quatro economias particularmente grandes juntas têm o potencial de mudar para sempre o cenário da inovação global", assegurou a WIPO.

Em contrapartida, os avanços são lentos na América Latina, segundo Wunsch-Vincent, embora tenha destacado os casos do Chile, México, Costa Rica e Brasil, que estão entre os 60 primeiros lugares do ranking.



No geral, o relatório mostra que governos e empresas aumentaram seus investimentos em inovação, apesar da pandemia.

Os resultados científicos, os gastos com P&D, os pedidos de títulos de propriedade intelectual e as operações de capital de risco continuaram a aumentar em 2020, superando os níveis já elevados registrados antes da crise.

"Austrália, Estados Unidos, Alemanha e Japão, por exemplo, que são os países que mais gastam, até aumentaram seus gastos em P&D", disse Wunsch-Vincent.

E "as empresas que mais investem em P&D, como Apple, Microsoft, Huawei, aumentaram seus gastos com P&D em cerca de 10% em média", observou ele.

Como o diretor-geral da WIPO, Daren Tang, explicou em um comunicado, apesar dos efeitos da pandemia nas condições de vida e meios de subsistência, "muitos setores se mantiveram notavelmente bem - especialmente aqueles que confiaram na digitalização, tecnologia e inovação".

Empresas em setores duramente atingidos - principalmente transporte e viagens - tiveram que cortar gastos com inovação.

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