Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Líder do Senado dos EUA pede que Biden acabe com expulsões 'detestáveis' de haitianos

O líder da maioria no Senado dos Estados Unidos, o democrata Chuck Schumer, instou o presidente Joe Biden nesta terça-feira (21) a encerrar as deportações em massa de migrantes haitianos, chamando essa política de atitudes "detestáveis e xenófobas" típicas da administração do ex-presidente Donald Trump.



O fluxo maciço de haitianos que se aglomeram debaixo de uma ponte na cidade fronteiriça de Del Río, no Texas, se transformou em um problema para o governo Biden.

No fim de semana passado, seu governo começou a enviá-los de volta ao seu país de avião. Mas "tal decisão vai contra o senso comum" e de "decência", lamentou Schumer no Parlamento.

O Haiti "não pode recebê-los", acrescentou. À instabilidade política e à violência, somou-se o terremoto de agosto, que matou mais de 2.200 pessoas na ilha.

Schumer pediu que Biden modifique a política migratória imposta por seu antecessor, Donald Trump, no começo da pandemia, para devolver imigrantes alegando razões sanitárias pela pandemia. "Não podemos continuar com estas políticas detestáveis e xenófobas de Trump, que ignoram nossas leis de refugiados", disse.

As Nações Unidas também manifestaram sua "profunda preocupação" com estas expulsões, que não dá tempo para revisar o caso dos haitianos.

As imagens do fotógrafo da AFP Paul Ratje, de homens a cavalo de agentes da fronteira a cavalo agitando as rédeas para ameaçar imigrantes e empurrá-los para o rio, causaram muito impacto nos Estados Unidos.



"Estas imagens reviram o estômago. Este tipo de violência deve parar", exigiu Schumer.

A vice-presidente americana, Kamala Harris, qualificou as imagens de "horríveis" e afirmou a jornalistas que apoia as investigações abertas na segunda-feira para esclarecer o ocorrido.

- Catástrofe épica -

Silencioso desde o começo da crise, Biden se expressou à margem da Assembleia Geral da ONU. "Vamos a tomar o controle da situação", prometeu, sem dar detalhes.

Na mesma linha, seu ministro de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, assegurou na terça-feira no Senado "ter um plano e colocá-lo em obra" para desmantelar o acampamento de migrantes em Del Río. "Aumentamos o número de voos de expulsão para o Haiti e outros países", acrescentou.

Milhares de pessoas foram transferidas para centros de detenção e expulsas dos Estados Unidos. Agora restam menos de 10.000 migrantes no local contra 15.000 na semana passada, segundo Mayorkas.

As promessas de Biden não convenceram os republicanos que há meses criticam o democrata por ter relaxado as políticas migratórias de seu antecessor.



"Quando se tem uma administração que renuncia a toda ambição de garantir a segurança da fronteira (...) termina-se com um fluxo de pessoas que cruzam" o rio Grande, comentou o governador do Texas, Greg Abbott, durante uma coletiva de imprensa em Del Río.

Segundo ele, Biden é responsável por uma "catástrofe de proporção épica".

Biden ordenou cancelar os voos de deportação para o Haiti após o assassinato, em julho, do presidente do país caribenho, Jovenel Moise.

Embora a anulação não abranja os recém-chegados, parece ter contribuído para o fluxo de milhares de haitianos que viviam em parte na América Latina.

A eles se somam as chegadas sem precedentes desde que Joe Biden assumiu o poder, coim mais de 1,3 milhão de migrantes interceptados na fronteira com o México.

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