"O Panamá oferece (aos migrantes), pela primeira vez em sua jornada, abrigo temporário, assistência médica e alimentação. A essas tarefas dedicamos uma parte importante de nossos limitados recursos, repito, limitados recursos", disse Cortizo durante seu discurso nas Nações Unidas.
"O Panamá faz sua parte. Agora fazemos um apelo à comunidade internacional", acrescentou. Segundo Cortizo, "até o momento este ano cruzaram o Panamá 80 mil migrantes irregulares e esse número vem crescendo exponencialmente".
"Em janeiro recebemos 800 e só no mês passado 30 mil (...). A maioria vem do Caribe e da África. E nosso país, de forma responsável e em respeito aos direitos humanos, oferece um tratamento digno", afirmou o governante.
No final de agosto, o governo panamenho especificou que a maioria dos migrantes vem do Haiti, país atingido na última década por uma crise econômica e uma recente crise política.
Desde setembro, as autoridades panamenhas e colombianas validam o acesso diário controlado de um máximo de 650 migrantes.
Atualmente, cerca de 19 mil migrantes, "em sua maioria haitianos", estão retidos em um porto no norte da Colômbia, esperando por embarcações que os levem à fronteira com o Panamá, informou a Defensoria do Povo.
Os viajantes precisam atravessar o golfo do Urabá, um trecho marítimo de cerca de 60 quilômetros. E enquanto isso, contornar a ameaça da gangue narcotraficante Clã do Golfo.
Uma vez no Panamá, devem cruzar a perigosa selva de Darien a pé, um trajeto que leva pelo menos cinco dias, expostos a estupros, agressões e animais selvagens. O primeiro povoado que irão encontrar é a aldeia indígena de Bajo Chiquito. Em seguida, seguem para a Costa Rica.
Centenas de outros migrantes, majoritariamente haitianos, que já atravessaram a América Central, estão presos em um acampamento em Ciudad Acuña, no México, na fronteira com os Estados Unidos.
Na quarta-feira, o presidente Cortizo, seus pares costarriquenho, Carlos Alvarado, e dominicano, Luis Abinader, assinaram a "Aliança para o fortalecimento da institucionalidade democrática" e expressaram sua preocupação com "a crise que atravessa o Haiti".
A República Dominicana, por estar na fronteira com o Haiti, também recebe fluxos migratórios.
Os três países também instruíram seus chanceleres a "estruturar imediatamente soluções concretas, abrangentes e sustentáveis, em uma estrutura de respeito à dignidade e aos direitos humanos, a fim de enfrentar a alarmante situação no Haiti".
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