Um ano e meio depois do início da pandemia, que afetou intensamente os fluxos comerciais globais, 47% das empresas exportadoras da região consideraram que a demanda internacional crescerá nos próximos três meses, enquanto 57% afirmaram que esperam incrementar suas vendas para o exterior no próximo ano.
Isso supõe um aumento significativo do otimismo em comparação a 2020, quando apenas 16% e 36% das empresas afirmaram que a demanda de exportações cresceria no curto e no médio prazo, respectivamente.
O levantamento, batizado de "Pesquisa sobre empresas exportadoras da América Latina e do Caribe. Buscando compreender um novo DNA exportador", também revelou uma recuperação na tendencia exportadora da região.
Nesse sentido, os dados mostram que 35% das empresas aumentaram suas vendas ao exterior no primeiro trimestre de 2021, frente a 11% no início da pandemia. Além disso, apenas 43% das companhias sofreram uma redução de seus envios, contra 77% no ano anterior.
Além do mais, quase metade das empresas disseram que vão aumentar seus investimentos voltados para as exportações no médio prazo.
"É muito animador ver como, no segundo ano da pandemia, as empresas recuperaram o seu desempenho exportador e vislumbram importantes melhoras comerciais para 2022", afirmou Fabrizio Opertti, titular do Setor de Integração e Comércio do BID.
"Também se destaca o aumento das ajudas dos governos para fazer frente aos impactos negativos da pandemia, de acordo com a percepção das empresas", acrescentou.
Devido ao colapso provocado pela covid-19, apenas 4% das companhias ouvidas pela pesquisa afirmaram não ter recebido nenhum tipo de ajuda do setor público para amenizar as consequências da pandemia em sua capacidade exportadora.
Em 2021, os subsídios às exportações e a assistência na busca de novos mercados foram os principais benefícios oferecidos pelos Estados.
- Desejo por mais acordos comerciais -
O levantamento do BID também destaca o "apoio significativo" das empresas para o estabelecimento de mais acordos comerciais com outros países.
Nesse sentido, diante da pregunta sobre se deveriam firmar novos acordos comerciais, 67% das empresas disseram que sim, enquanto 10,3% disseram que não e 22,2% talvez.
Entre as que responderam afirmativamente, 29,4% afirmaram preferir novos pactos com países da própria região (18,3% na América do Sul e 11,1% na América Central), enquanto 29,4% apostam na América do Norte e 23,3% na Europa.
Por sua vez, 14,3% responderam ter interesse em avançar em acordos comerciais com a Ásia, 2,2% com a Oceania, e apenas 1,4% mencionaram a África.
Em 2020, quase metade das empresas da região tiveram como principal destino de suas exportações os países da América Latina e do Caribe, com 35% delas dirigindo suas vendas para a América do Sul, 9% para a América Central e 5% para o México.
Fora da região, os principais mercados mencionados foram os Estados Unidos e o Canadá (29%), seguidos por Europa (15%) e Ásia (5%).
Além disso, a pesquisa revela mudanças na digitalização e na consciência ambiental das empresas.
Segundo os números apresentados, 38% das empresas consultadas declararam usar o comércio eletrônico como canal de vendas em 2020, contra 25% no ano anterior.
O maior crescimento nesse ramo ocorreu nas grandes empresas: enquanto apenas 15% utilizaram esse canal em 2020, 42% o fizeram em 2021.
Por outro lado, 18% afirmaram não utilizar esse canal, mas indicaram que esperam adotá-lo em breve.
A importância da adoção de práticas sustentáveis em relação ao meio ambiente foi outra descoberta da enquete, já que 69% das empresas consideram que os destinos de suas exportações valorizariam a implementação dessas medidas.
A segunda edição do levantamento do BID foi realizada com a participação de 405 micro, pequenas, médias e grandes empresas de 18 países da região.
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