Laschet tem sido alvo de críticas e pedidos de renúncia de seu próprio partido, a União Democrata-Cristã (CDU), e também viu seu principal aliado, o partido irmão bávaro CSU, cortar relações.
O líder do social-democrata SPD "Olaf Scholz tem mais possibilidades de se tornar chanceler neste momento, claramente", declarou o dirigente do conservador CSU, Markus Söder.
Assim, o ministro-presidente bávaro distanciou-se expressamente de Laschet - o candidato do partido da chanceler - que até agora afirmava ter a intenção de tentar suceder Angela Merkel, apesar do segundo lugar obtido no domingo.
- "Ruína" -
Söder, que no início do ano tinha ambições de concorrer à chancelaria antes de se ver forçado a se retirar em favor do menos popular Laschet, disse que "nenhum mandato para governar pode ser moralmente legitimado com base no resultado eleitoral" obtido pelos conservadores no domingo, o pior desde 1949.
Söder afirmou que uma coalizão entre os social-democratas, os verdes e os liberais do FDP é a "primeira solução óbvia".
Laschet, que tem fama de conseguir sobreviver a crises, planejava tentar construir uma coalizão com os verdes e os liberais. Mas sem a colaboração do partido bávaro, esse cenário não parece mais possível.
No final da primeira reunião dos deputados conservadores no Bundestag na terça-feira, o líder do grupo parlamentar, um colaborador próximo de Laschet, foi reeleito por apenas seis meses, em vez de um ano como de costume. Sinal de que a bancada está antecipando sua passagem para a oposição e uma reorganização de suas equipes.
Desde domingo, Armin Laschet tem visto suas tropas se voltarem contra ele.
Michael Kretschmer, ministro-presidente do land (estado) da Saxônia, iniciou as hostilidades: "Os eleitores afirmaram de maneira clara que a CDU não é a primeira opção. Agir como se nada tivesse acontecido nos levaria à ruína", advertiu o governante do território que integrava a ex-Alemanha Oriental.
"Não acredito que possamos pretender dirigir o próximo governo", acrescentou outro cacique do partido, Norbert Röttgen.
"Perdemos. Ponto final", declarou o líder da juventude da CDU, Thilman Kuban.
Diante da rebelião interna, Laschet se viu obrigado a fazer promessas e admitiu que a CDU, um dos partidos mais antigos da Europa, no poder durante os últimos 16 anos, precisa de "renovação" em todos os níveis.
Seu discurso a respeito da futura coalizão também mudou um pouco. Laschet se limita agora a afirmar que "nenhum partido tem um mandato claro para formar o governo", tanto a CDU como os social-democratas do SPD.
Mas estas interpretações não foram suficientes para reduzir a pressão sobre Laschet. Pelo contrário.
Até mesmo um de seus principais apoiadores no partido, o veterano líder do estado de Hesse, Volker Bouffier, abandonou o pupilo ao reconhecer que a união conservadora "não pode pretender assumir a responsabilidade do governo".
Outro governante regional próximo a Laschet, Daniel Günther, também se distanciou do candidato.
Os deputados da base exigiram diretamente a renúncia de Laschet, responsável por uma campanha fracassada, apesar da participação de Merkel na reta final.
"Eu gostaria de uma tomada de consciência. Perdeu, demonstre discernimento, evite mais danos à CDU e renuncie", afirmou a jovem deputada Ellen Demuth, da região de Renânia-Palatinado.
A opinião pública alemã parece decidida. Uma pesquisa do instituto INsa para o jornal Bild mostra que 58% dos entrevistados consideram que a CDU-CSU não tem legitimidade para formar o próximo governo.
Laschet parece concentrar todas as dúvidas e descontentamento: 51% dos eleitores conservadores querem sua renúncia à presidência do partido, menos de um ano após sua eleição para o cargo.
audima