Cerca de 2 mil indígenas, segundo a polícia, incendiaram com coquetéis molotov três veículos estacionados e atacaram com pedaços de pau e pedras os policiais, que usaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
Vídeos exibidos pela imprensa local mostram dois agentes com cortes na cabeça, outro agredido no chão e um quarto socorrido após levar uma flechada na coxa.
A lei que endurece as penas para invasão de terras foi aprovada por ampla maioria na Câmara, como ocorreu há uma semana no Senado. O texto prevê penas de até 10 anos de prisão para esse tipo de crime.
"A lei não busca perseguir ninguém, e sim proporcionar segurança aos cidadãos das áreas urbanas e rurais, inclusive de comunidades indígenas", disse o senador Fidel Zavala, do Partido Pátria Querida (centro). "O que se quer é proteger a propriedade privada, para que as pessoas que desejam trabalhar tenham a segurança de que sua propriedade não será invadida", acrescentou o senador Enrique Bachetta, do Partido Colorado (conservador).
Por outro lado, o senador Sixto Pereira, da esquerdista Frente Guasú, chamou a lei de "repressiva" e disse que a Constituição "consagra o direito à terra, à moradia, a uma vida digna". "Não defendemos invasores, mas o aumento das penas não resolverá o problema", acrescentou a senadora Desirée Masi, do Partido Democrático Progressista (liberal).
O Paraguai está entre os países mais desiguais da América Latina, atrás de Honduras, Guatemala e Brasil, segundo a Cepal. Cerca de 80% das terras agrícolas do país pertencem a 1,6% de proprietários, de acordo com a organização Oxfam.
A pobreza cresceu no Paraguai de 23,5% em 2019 para 26,9% em 2020, devido ao impacto da pandemia, segundo o Instituto Nacional de Estatística.
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