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Estado de Minas PEQUIM/SHANGHAI

Os superfãs chineses se inibem diante da ofensiva de Pequim contra os "falsos ídolos"


02/10/2021 12:27

Chen Zhichu, estudante adolescente em Pequim, costumava passar 30 minutos todos os dias elogiando o ator Xiao Zhan na internet. Era parte das comunidades de superfãs de celebridades do país, acusados pelo governo de promover "valores não saudáveis".

Conhecido por sua aparência andrógina, Xiao conquistou uma legião de fãs ferrenhos, especialmente mulheres, com um papel no drama de fantasia de 2019 "O Indomável".

Somente no Weibo, a rede social chinesa equivalente ao Twitter, ele tem 29 milhões de seguidores.

"Eu costumava curtir as postagens dele em seu fórum de fãs do Weibo e comprar os produtos que ele promovia", disse Chen, de 16 anos, em um agitado distrito comercial da capital.

Os chamados superfãs são um setor lucrativo, com um valor estimado de 202 em quase 21,6 bilhões de dólares, de acordo com a imprensa estatal.

Mas em uma tentativa de aumentar o controle sobre o entretenimento juvenil, as autoridades decidiram limitar o tempo gasto em jogos eletrônicos e proibiram no mês passado o que chamam de "fanatismo irracional".

O governou baniu a publicação de rankings de celebridades, arrecadação de fundos ou outras ferramentas usadas por estas comunidades para colocar seus ídolos no auge da popularidade.

As autoridades garantem que as novas regras vão limitar os excessos dessa cultura, como cyberbullying, extorsão com publicação de dados privados ou guerras entre comunidades de fãs.

- Campanha pela "moralidade" -

Há outra preocupação em relação a estes ídolos: sua capacidade de mobilizar legiões de fãs em um instante e dominar as redes sociais por dias.

"É o início de um movimento de massa e é isso que o governo não quer", disse um professor de Estudos Sociais de uma universidade chinesa, que pediu anonimato.

Tecnologia, educação e entretenimento foram vítimas da mão pesada de Pequim, assim como os ricos e poderosos, em um impulso na tentativa de obter mais igualdade social.

Mas também com o propósito teórico de incutir valores "saudáveis", o governo puniu alguns comportamentos de sua juventude para que não seja tão influenciada por celebridades caprichosas.

"A juventude chinesa não tem outros tipos de ídolos", diz Fang Kecheng, professor de Comunicação da Universidade Chinesa de Hong Kong. "É muito difícil para eles ter outros meios de participação cívica", como o ativismo, acrescenta.

Para um projeto emblemático em Xangai, as medidas são uma oportunidade para o setor começar de novo.

A regulamentação "é uma fase de crescimento pela qual a indústria deve passar", disse Li Chengxi, de 26 anos, enquanto ensaiava para a gravação de um concurso de dança na TV.

A jovem é uma dançarina e atriz talentosa desde a infância. Depois de se formar Universidade de Pequim, ela tenta vaga em alguns filmes e concursos de ídolos, um gênero agora proibido.

Ainda assim, ela não se intimida com o risco de que as novas regras afetem suas perspectivas.

"Quando grandes ondas quebram na costa, o ouro deixado para trás fica ainda mais forte", disse.

Artistas chineses que desejam um grande sucesso não têm outra escolha a não ser obedecer ao Estado, que pode arruinar suas carreiras caso demonstrem insatisfação.

Weibo


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