Jornal Estado de Minas

PARIS

Pandora Papers apontam atividades de consultoria de Strauss-Kahn

O ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, teria implantado em países com regimes fiscais favoráveis companhias através das quais cobrava por suas atividades de conferencista e consultor, noticiou a TV pública francesa.



A companhia Parnasse International, criada em maio de 2013 pelo ex-ministro socialista francês, estava radicada em uma zona franca do Marrocos, a Casablanca Finance City (CFC), o que lhe permitiu economizar o imposto cobrado de sociedades por cinco anos e aboná-lo em 8,75% em seguida, detalhou.

O caso se enquadra nos chamados Pandora Papers, um escândalo revelado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) com base em 11,9 milhões de documentos procedentes de 14 companhias de serviços financeiros.

A investigação, publicada por veículos de comunicação de todo o mundo, como The Guardian e El País, desvendou a existência de 29.000 empresas radicadas em jurisdições com vantagens fiscais e usadas, em alguns casos, para sonegar impostos.

Segundo o programa "Cash Investigation", da France 2, que não menciona ilegalidades, outros documentos mostram que Strauss-Kahn atuou como consultor do Marrocos em 2012 e 2013 para "perfilar o marco jurídico da CFC", pelo que ganhou 2,4 milhões de euros (2,8 milhões de dólares).



Em um tuíte, DSK, como é conhecido, rejeitou estas acusações, assegurando que é "residente fiscal marroquino desde 2013" e que abonou 23,8% de seus benefícios em impostos, "ou seja, 812.000 euros" (943.000 dolares) "para os anos 2018, 2019 e 2020".

A investigação da "Cash Investigation" também aponta a criação da Parnasse Global Limited em abril de 2018 nos Emirados Árabes Unidos, onde não há registro público de empresas. A companhia não paga nenhum imposto nesta monarquia do Golfo.

Como consultor, Strauss-Kahn, que teve que renunciar a disputar a Presidência da França em 2011 devido a um escândalo sexual, teria aconselhado o presidente do Congo, Denis Sassou-Nguesso, em seus diálogos com o FMI.

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