Jornal Estado de Minas

LONDRES

Poucos caminhoneiros estrangeiros solicitaram vistos de trabalho no Reino Unido

Menos de 10% dos 300 camionheiros da União Europeia previstos para aliviar a crise de abastecimento de combustível no Reino Unido solicitaram os vistos de trabalho excepcionais oferecidos por Londres, afirmou o governo britânico nesta terça-feira (5).



"Dissemos ao setor do transporte por estrada 'forneçam os nomes dos motoristas que querem trazer e nós nos encarregaremos dos vistos'", declarou o primeiro-ministro Boris Johnson à BBC, à margem da conferência anual de seu Partido Conservador em Manchester.

Mas "até agora só recebemos 127 nomes", afirmou, embora posteriormente uma fonte de Downing Street tenha confirmado que foram na verdade 27 nomes, como havia publicado o jornal The Times.

Johnson considerou que isso ilustra as causas da escassez de abastecimento que abala o país, dos postos de gasolina até os supermercados, diante da qual seu governo decidiu oferecer 10.500 vistos temporários de diferentes durações, incluindo 300 de seis meses, para motoristas de caminhões-tanque.

Em um contexto de falta de mão de obra como consequência da pandemia e do Brexit, na segunda-feira o governo mobilizou os motoristas do Exército para ajudarem na distribuição de combustível aos postos de gasolina.

Johnson destacou que a falta de caminhoneiros - até 100.000 no Reino Unido, segundo responsáveis do setor - é uma questão global, mas admitiu que existe "um problema particular" em seu país.



Muitos motoristas, principalmente os procedentes da Europa do Leste, voltaram para suas casas e agora as novas regras migratórias pós-Brexit complicam seu retorno.

Johnson, porém, voltou a recusar flexibilizar mais as normas de entrada de trabalhadores estrangeiros, apesar de responsáveis de vários setores, entre eles do comércio e da hotelaria, denunciarem a falta de funcionários.

"Os problemas na cadeia de abastecimento são causados em grande parte pela forte recuperação econômica e o que vocês verão é como a logística, os especialistas em nossas redes de supermercados, em nossa indústria de processamento de alimentos, se ocupam disso", afirmou o primeiro-ministro com seu otimismo habitual.

"Mas a escassez é global e o que digo é que não podemos voltar ao velho modelo fracassado em que se generaliza a mão de obra de baixos salários e baixa qualificação", destacou, em referência aos trabalhadores estrangeiros.

audima