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Estado de Minas TIROS E EXPLOSÕES

Líbano registra seis mortes e cenas de guerra durante protesto em Beirute

Tiroteios e explosões foram registrados em vários pontos da capital durante manifestações de movimentos xiitas Hezbollah e Amal


14/10/2021 13:49 - atualizado 14/10/2021 14:34

Homem ferido é carregado por companheiros durante tiroteio nas ruas de Beirute
Pelo menos seis pessoas morreram durante confrontos nas ruas de Beirute, capital do Líbano (foto: AFP)
Pelo menos seis pessoas morreram e quase 30 ficaram feridas nesta quinta-feira (14) em tiroteios durante uma manifestação dos movimentos xiitas Hezbollah e Amal em Beirute contra o juiz encarregado de investigar a explosão no porto da capital libanesa em agosto de 2020.

Várias áreas de Beirute se tornaram uma zona de guerra . Tiros e explosões incessantes ecoaram não muito longe do Palácio de Justiça, diante do qual se reuniram centenas de manifestantes vestidos de preto, alguns deles armados, confirmaram jornalistas da AFP.
Ver galeria . 14 Fotos Ruas de Beirute, capital do Líbano, se tornaram zonas de guerra durante manifestação nesta quinta-feira (14/10)Joseph Eid/AFP
Ruas de Beirute, capital do Líbano, se tornaram zonas de guerra durante manifestação nesta quinta-feira (14/10) (foto: Joseph Eid/AFP )

O ministro do Interior, Bassam Mawlawi, informou em entrevista coletiva o balanço de seis mortos, alguns atingidos por tiros na cabeça, sugerindo que os disparos foram obra de "franco-atiradores".

Mulheres e crianças são escoltadas para longe da zona de confronto em Beirute
População tentou deixar os locais de confronto mas foi presa entre os pontos de tiroteios em Beirute (foto: JOSEPH EID / AFP)
De acordo com os correspondentes da AFP, franco-atiradores posicionados nos telhados de edifícios próximos do Palácio de Justiça atiraram contra os manifestantes. Em seguida, homens armados com braceletes com insígnias do Amal e do Hezbollah responderam aos disparos.

Também houve troca de tiros, com metralhadoras e lança-foguetes RPG, no bairro residencial de Tayouneh, que parecia uma zona de guerra. Alguns homens armados assumiram posições no topo dos edifícios.

Entre os mortos há uma mulher de 24 anos que foi baleada na cabeça dentro de casa, disse à AFP um médico do hospital Sahel, ao sul de Beirute.

Em um comunicado conjunto, Hezbollah e Amal denunciaram que "atiradores posicionados nos telhados de edifícios" tinham atirado contra os manifestantes.

Mas quem efetuou os disparos e como esse protesto degenerou tão rapidamente não está claro no momento.

Os movimentos xiitas acusaram "grupos do [partido cristão] das Forças Libanesas posicionados nos bairros e telhados" de disparar contra os manifestantes. As Forças Libanesas, por sua vez, desmentiram essa informação.

Homens armados durante tiroteio nas ruas de Beirute, capital do Líbano
Ruas de Beirute viraram zonas de guerra durante manifestações nesta quinta-feira (foto: IBRAHIM AMRO / AFP)
No total, 30 pessoas ficaram feridas, segundo a Cruz Vermelha Libanesa, e foram socorridas por ambulâncias perto do Palácio de Justiça.

As ruas se esvaziaram rapidamente e os libaneses se refugiaram em suas casas, revivendo momentos vividos em guerras passadas que pensavam ter esquecido.

Vídeos de alunos escondidos embaixo das mesas ou deitados no chão durante a aula circulavam nas redes sociais.

"Eu me escondi com meu primo e minha tia em um espaço de dois metros quadrados, entre dois cômodos, por medo de balas perdidas", comentou Bissan al-Fakih, um morador da área, à AFP.

Tanques do exército foram posicionados, e os militares alertaram que atirariam em qualquer um que abrisse fogo.

- Implosão do governo, crise no país -

Convocados pelo Hezbollah e Amal, os manifestantes exigiam a demissão do juiz Tareq Bitar, responsável pela investigação da explosão no porto da cidade, ocorrida em 4 de agosto de 2020 devido a quantidades de nitrato de amônio armazenadas irregularmente no local.

Pelo menos 214 pessoas morreram na tragédia, que teve mais de 6 mil feridos e muitos edifícios devastados.

Homens se escondem atrás de carro durante confronto nas ruas de Beirute, capital do Líbano
Confrontos tomaram as ruas de vários pontos de Beirute, capital do Líbano (foto: ANWAR AMRO / AFP)
Os manifestantes queimaram retratos do juiz e da embaixadora dos Estados Unidos no Líbano, Dorothy Shea. Esses confrontos sangrentos coincidem com a presença em Beirute da número três do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland.

O primeiro-ministro Nagib Mikati pediu calma e criticou as tentativas de mergulhar o país em um ciclo de violência.

O Hezbollah e seus aliados acreditam que o juiz está politizando a investigação. Na terça-feira, o juiz Bitar emitiu um mandado de prisão para o deputado e ex-ministro das Finanças Ali Hassan Khalil, membro do Amal e aliado do Hezbollah.

Foi então obrigado a suspender a investigação porque dois ex-ministros apresentaram queixa contra ele na Justiça, que foi indeferida nesta quinta-feira, para que o magistrado possa dar continuidade ao seu trabalho.

O assunto está prestes a causar uma implosão do recém-formado governo libanês, após um ano de bloqueio político, pois os ministros do Hezbollah e do Amal pediram a substituição do juiz, o que os demais membros do governo recusaram.

"O fato de o Hezbollah ir às ruas e colocar toda sua força nesta batalha pode provocar grandes confrontos e desestabilização de todo o país", comentou à AFP o analista Karim Bitar.

As autoridades locais, acusadas de negligência criminosa, recusam-se a autorizar uma investigação internacional e são acusadas pelos familiares das vítimas e por ONGs de obstrução da justiça.


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