Pelo menos
seis pessoas morreram
e quase 30 ficaram feridas nesta quinta-feira (14) em
tiroteios
durante uma
manifestação
dos movimentos xiitas Hezbollah e Amal em
Beirute
contra o juiz encarregado de investigar a explosão no porto da capital libanesa em agosto de 2020.
Várias áreas de Beirute se tornaram uma zona de guerra . Tiros e explosões incessantes ecoaram não muito longe do Palácio de Justiça, diante do qual se reuniram centenas de manifestantes vestidos de preto, alguns deles armados, confirmaram jornalistas da AFP.
O ministro do Interior, Bassam Mawlawi, informou em entrevista coletiva o balanço de seis mortos, alguns atingidos por tiros na cabeça, sugerindo que os disparos foram obra de "franco-atiradores".
De acordo com os correspondentes da AFP, franco-atiradores posicionados nos telhados de edifícios próximos do Palácio de Justiça atiraram contra os manifestantes. Em seguida, homens armados com braceletes com insígnias do Amal e do Hezbollah responderam aos disparos.
Também houve troca de tiros, com metralhadoras e lança-foguetes RPG, no bairro residencial de Tayouneh, que parecia uma zona de guerra. Alguns homens armados assumiram posições no topo dos edifícios.
Entre os mortos há uma mulher de 24 anos que foi baleada na cabeça dentro de casa, disse à AFP um médico do hospital Sahel, ao sul de Beirute.
Em um comunicado conjunto, Hezbollah e Amal denunciaram que "atiradores posicionados nos telhados de edifícios" tinham atirado contra os manifestantes.
Mas quem efetuou os disparos e como esse protesto degenerou tão rapidamente não está claro no momento.
Os movimentos xiitas acusaram "grupos do [partido cristão] das Forças Libanesas posicionados nos bairros e telhados" de disparar contra os manifestantes. As Forças Libanesas, por sua vez, desmentiram essa informação.
No total, 30 pessoas ficaram feridas, segundo a Cruz Vermelha Libanesa, e foram socorridas por ambulâncias perto do Palácio de Justiça.
As ruas se esvaziaram rapidamente e os libaneses se refugiaram em suas casas, revivendo momentos vividos em guerras passadas que pensavam ter esquecido.
Vídeos de alunos escondidos embaixo das mesas ou deitados no chão durante a aula circulavam nas redes sociais.
"Eu me escondi com meu primo e minha tia em um espaço de dois metros quadrados, entre dois cômodos, por medo de balas perdidas", comentou Bissan al-Fakih, um morador da área, à AFP.
Tanques do exército foram posicionados, e os militares alertaram que atirariam em qualquer um que abrisse fogo.
- Implosão do governo, crise no país -
Convocados pelo Hezbollah e Amal, os manifestantes exigiam a demissão do juiz Tareq Bitar, responsável pela investigação da explosão no porto da cidade, ocorrida em 4 de agosto de 2020 devido a quantidades de nitrato de amônio armazenadas irregularmente no local.
Pelo menos 214 pessoas morreram na tragédia, que teve mais de 6 mil feridos e muitos edifícios devastados.
Os manifestantes queimaram retratos do juiz e da embaixadora dos Estados Unidos no Líbano, Dorothy Shea. Esses confrontos sangrentos coincidem com a presença em Beirute da número três do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland.
O primeiro-ministro Nagib Mikati pediu calma e criticou as tentativas de mergulhar o país em um ciclo de violência.
O Hezbollah e seus aliados acreditam que o juiz está politizando a investigação. Na terça-feira, o juiz Bitar emitiu um mandado de prisão para o deputado e ex-ministro das Finanças Ali Hassan Khalil, membro do Amal e aliado do Hezbollah.
Foi então obrigado a suspender a investigação porque dois ex-ministros apresentaram queixa contra ele na Justiça, que foi indeferida nesta quinta-feira, para que o magistrado possa dar continuidade ao seu trabalho.
O assunto está prestes a causar uma implosão do recém-formado governo libanês, após um ano de bloqueio político, pois os ministros do Hezbollah e do Amal pediram a substituição do juiz, o que os demais membros do governo recusaram.
"O fato de o Hezbollah ir às ruas e colocar toda sua força nesta batalha pode provocar grandes confrontos e desestabilização de todo o país", comentou à AFP o analista Karim Bitar.
As autoridades locais, acusadas de negligência criminosa, recusam-se a autorizar uma investigação internacional e são acusadas pelos familiares das vítimas e por ONGs de obstrução da justiça.
Várias áreas de Beirute se tornaram uma zona de guerra . Tiros e explosões incessantes ecoaram não muito longe do Palácio de Justiça, diante do qual se reuniram centenas de manifestantes vestidos de preto, alguns deles armados, confirmaram jornalistas da AFP.
O ministro do Interior, Bassam Mawlawi, informou em entrevista coletiva o balanço de seis mortos, alguns atingidos por tiros na cabeça, sugerindo que os disparos foram obra de "franco-atiradores".
De acordo com os correspondentes da AFP, franco-atiradores posicionados nos telhados de edifícios próximos do Palácio de Justiça atiraram contra os manifestantes. Em seguida, homens armados com braceletes com insígnias do Amal e do Hezbollah responderam aos disparos.
Também houve troca de tiros, com metralhadoras e lança-foguetes RPG, no bairro residencial de Tayouneh, que parecia uma zona de guerra. Alguns homens armados assumiram posições no topo dos edifícios.
Entre os mortos há uma mulher de 24 anos que foi baleada na cabeça dentro de casa, disse à AFP um médico do hospital Sahel, ao sul de Beirute.
Em um comunicado conjunto, Hezbollah e Amal denunciaram que "atiradores posicionados nos telhados de edifícios" tinham atirado contra os manifestantes.
Mas quem efetuou os disparos e como esse protesto degenerou tão rapidamente não está claro no momento.
Os movimentos xiitas acusaram "grupos do [partido cristão] das Forças Libanesas posicionados nos bairros e telhados" de disparar contra os manifestantes. As Forças Libanesas, por sua vez, desmentiram essa informação.
No total, 30 pessoas ficaram feridas, segundo a Cruz Vermelha Libanesa, e foram socorridas por ambulâncias perto do Palácio de Justiça.
As ruas se esvaziaram rapidamente e os libaneses se refugiaram em suas casas, revivendo momentos vividos em guerras passadas que pensavam ter esquecido.
Vídeos de alunos escondidos embaixo das mesas ou deitados no chão durante a aula circulavam nas redes sociais.
"Eu me escondi com meu primo e minha tia em um espaço de dois metros quadrados, entre dois cômodos, por medo de balas perdidas", comentou Bissan al-Fakih, um morador da área, à AFP.
Tanques do exército foram posicionados, e os militares alertaram que atirariam em qualquer um que abrisse fogo.
- Implosão do governo, crise no país -
Convocados pelo Hezbollah e Amal, os manifestantes exigiam a demissão do juiz Tareq Bitar, responsável pela investigação da explosão no porto da cidade, ocorrida em 4 de agosto de 2020 devido a quantidades de nitrato de amônio armazenadas irregularmente no local.
Pelo menos 214 pessoas morreram na tragédia, que teve mais de 6 mil feridos e muitos edifícios devastados.
Os manifestantes queimaram retratos do juiz e da embaixadora dos Estados Unidos no Líbano, Dorothy Shea. Esses confrontos sangrentos coincidem com a presença em Beirute da número três do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland.
O primeiro-ministro Nagib Mikati pediu calma e criticou as tentativas de mergulhar o país em um ciclo de violência.
O Hezbollah e seus aliados acreditam que o juiz está politizando a investigação. Na terça-feira, o juiz Bitar emitiu um mandado de prisão para o deputado e ex-ministro das Finanças Ali Hassan Khalil, membro do Amal e aliado do Hezbollah.
Foi então obrigado a suspender a investigação porque dois ex-ministros apresentaram queixa contra ele na Justiça, que foi indeferida nesta quinta-feira, para que o magistrado possa dar continuidade ao seu trabalho.
O assunto está prestes a causar uma implosão do recém-formado governo libanês, após um ano de bloqueio político, pois os ministros do Hezbollah e do Amal pediram a substituição do juiz, o que os demais membros do governo recusaram.
"O fato de o Hezbollah ir às ruas e colocar toda sua força nesta batalha pode provocar grandes confrontos e desestabilização de todo o país", comentou à AFP o analista Karim Bitar.
As autoridades locais, acusadas de negligência criminosa, recusam-se a autorizar uma investigação internacional e são acusadas pelos familiares das vítimas e por ONGs de obstrução da justiça.