O advogado que representa o governo americano, James Lewis, insistiu nas garantias dadas por Washington de que Julian Assange não será submetido a medidas especiais nem ficará detido no temido centro penitenciário de altíssima segurança ADX Florence, no Colorado, conhecido como "Alcatraz das Montanhas Rochosas".
Os Estados Unidos pedem a extradição de Julian Assange por um vazamento maciço de documentos confidenciais.
O juiz do Alto Tribunal de Londres informou que o australiano, de 50 anos, participou da audiência por videoconferência na prisão. Em um primeiro momento, havia anunciado que não compareceria.
O advogado James Lewis afirmou que a Justiça americana vai garantir que Assange receba os cuidados clínicos e psicológicos necessários e que poderá solicitar cumprir sua pena na Austrália, seu país de origem.
Em janeiro, a juíza de primeira instância Vanessa Baraitser teria tomado uma decisão diferente se tivesse as garantias apresentadas hoje pelos Estados Unidos, afirmou Lewis.
Depois de passar sete anos na embaixada do Equador em Londres e dois anos e meio na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, o australiano, considerado por seus simpatizantes uma vítima de ataques contra a liberdade de expressão, deu um grande passo para sua liberdade em janeiro.
Na ocasião, a juíza britânica Baraitser rejeitou o pedido de extradição de Washington, alegando que existia a risco de Assange cometer suicídio. Nos Estados Unidos, ele pode enfrentar uma pena de 175 anos de prisão.
Em seu recurso, Washington questiona a confiabilidade de um especialista que testemunhou a favor de Assange sobre a fragilidade de sua saúde mental atual.
De fato, o psiquiatra Michael Kopelman reconheceu que enganou a Justiça ao "ocultar" o fato de que seu cliente se tornou pai durante seu confinamento na embaixada do Equador em Londres.
Esta apelação, que vai durar dois dias, é um dos últimos recursos de Washington. Se fracassar, restará apenas a Suprema Corte britânica.
Em caso de vitória, não será o fim de caso, que seguirá para outro tribunal que deverá julgar o mérito.
Antes do início da audiência, dezenas de pessoas se reuniram diante do Alto Tribunal de Londres para expressar apoio a Assange.
O australiano, que conta com o apoio de várias organizações de defesa da liberdade de imprensa, é procurado pelos Estados Unidos por espionagem, após a publicação de cerca de 700.000 documentos militares e diplomáticos confidenciais.
Ele foi detido pela polícia britânica em abril de 2019, depois de passar sete anos na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou quando estava em liberdade sob fiança. Ele temia a extradição para os Estados Unidos, ou para a Suécia, cuja Justiça denunciou-o por estupro. Desde então, estas acusações foram retiradas.
Depois de visitá-lo no sábado, sua companheira, Stella Moris, disse que ele se encontra "muito mal".
"Julian não sobreviveria a uma extradição. Essa é a conclusão da magistrada", continuou Moris, considerando "aterrorizante" a possibilidade de se reverter a decisão de não extradição.
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