"A alta no desmatamento no ano passado, em especial na Amazônia, pôs o Brasil na contramão do planeta", aponta o relatório do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do coletivo de ONGs Observatório do Clima.
Em 2020, segundo ano do mandato do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil emitiu 2,169 bilhões de toneladas de CO2 - o volume mais elevado desde 2006. O país que abriga 61% da Amazônia se comprometeu a alcançar a neutralidade de carbono em 2050.
Assim como a maioria dos países do mundo, as emissões vinculadas ao setor da energia diminuíram (-4,6%) na primeira economia da América Latina.
Estas emissões voltaram aos níveis de 2011, principalmente devido à redução da produção industrial e do tráfego aéreo nos primeiros meses da pandemia de covid-19.
No entanto, esta queda foi neutralizada por um aumento pronunciado das emissões resultantes das atividades agrícolas (+2,5%) e, em particular, de mudanças do uso do solo (+23,7%), o que inclui o desmatamento.
Desde que Bolsonaro chegou ao poder, em janeiro de 2019, a Amazônia perdeu cerca de 10.000 km² de florestas no ano passado (quase a superfície da Jamaica), frente a 6.500 km² ao ano na década anterior.
Para a ONG, o aumento do desmatamento se deve em grande parte às políticas do governo, acusado de reduzir o pessoal e o financiamento dos órgãos públicos dedicados à preservação ambiental.
"Quem planta desmonte ambiental colhe gás carbônico", resumiu Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, citado em um comunicado.
"O Brasil conseguiu a proeza de talvez ser o único grande emissor que poluiu mais durante o primeiro ano da pandemia", avaliou Astrini. "É mais um golpe na imagem internacional do país, que chegará completamente desacreditado em Glasgow".
A COP receberá altos dirigentes do mundo entre 31 de outubro e 12 de novembro em Glasgow, Escócia, para discutir as mudanças climáticas.
Bolsonaro será representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, apesar de estar na Europa para a reunião do G20 em Roma.
O presidente visitará na segunda-feira a cidade italiana de Anguillara Veneta, de onde vieram seus antepassados, e onde receberá a cidadania honorária, em meio a polêmicas.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou na terça-feira que o Brasil devia se apoiar nas "armas da diplomacia" para defender seus interesses na Amazônia em Glasgow e negociar para que o país seja compensado por preservar este bioma.
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