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Indígenas desbloqueiam estradas mas alertam para novas manifestações no Equador

Indígenas do Equador liberaram nesta quinta-feira (28) as estradas bloqueadas parcialmente por dois dias em protesto contra o governo e retornaram às suas comunidades, alertando, no entanto, para novas manifestações.



"As estradas estão habilitadas", informou o diretor do Sistema de Segurança Ecu911, Juan Zapata, ao canal Teleamazonas.

O presidente da poderosa Confederação das Nacionalidades Indígenas (Conaie), Leônidas Iza, anunciou o retorno dos manifestantes aos seus territórios. "Vamos voltar às comunidades, mas continuamos na luta e declaramos a mobilização permanente", assinalou o líder na localidade andina de Alausí (sul).

Comunidades indígenas e de camponeses saíram às ruas em protesto contra a política econômica do presidente conservador Guillermo Lasso, especialmente para rejeitar o aumento nos preços dos combustíveis. Trechos de rodovias, incluindo a Pan-Americana, que leva a Colômbia (norte) e Peru (sul), foram bloqueados com pedras, terra, toras e pneus em chamas.

A Conaie, que participou das revoltas que derrubaram três presidentes entre 1997 e 2005, promoveu os protestos, após o aumento de 90% nos preços dos combustíveis desde 2020. As manifestações, as mais contundentes nos cinco meses de gestão de Lasso, acontecem em meio ao estado de exceção por 60 dias decretado em 18 de outubro para combater a criminalidade ligada ao narcotráfico.



Dirigindo-se a centenas de indígenas, Iza declarou: "Não iremos suspender o protesto, apenas voltaremos para casa para o feriado de finados, porque respeitamos as tradições do nosso povo".

- Diálogo suspenso -

Os protestos, que começaram na terça-feira, deixaram 37 presos e oito policiais feridos, segundo o governo. Dois soldados também foram detidos por um dia. Um jornalista e líder indígena morreu acidentalmente durante a cobertura das manifestações.

O governo convidou Iza para um diálogo na sede presidencial no dia 10 de novembro, segundo o porta-voz oficial Carlos Jijón. O líder indígena expressou que "essa aceitação não será uma decisão dos dirigentes, e sim do povo", motivo pelo qual a Conaie irá conversar com suas bases.

Lasso e Iza se reuniram pela primeira vez em 4 de outubro para analisar as demandas indígenas, como a suspensão da alta do combustível e evitar licitações de áreas de exploração de petróleo e mineração em territórios indígenas.

Lasso, que assumiu o cargo em maio, manteve o mecanismo de reajuste dos preços do petróleo no mercado internacional imposto por seu antecessor Lenín Moreno (2017-2021), para eliminar gradativamente os milionários subsídios aos combustíveis. No último fim de semana, decretou aumentos de até 12% nos combustíveis, aumentando o diesel de US$ 1,69 para US$ 1,90 dólar e a gasolina comum de US$ 2,50 para US$ 2,55. A Conaie exige o congelamento a US$ 1,50 do galão de diesel e a US$ 2,10 o da gasolina.

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