No domingo (31), os combatentes da Frente de Libertação Popular de Tigré (TPLF) informaram terem assumido o poder em Kombolcha. No dia anterior, já haviam reivindicado a captura da cidade vizinha de Dessie.
Essas duas cidades de Amhara, região vizinha de Tigré, estão localizadas em um cruzamento estratégico a cerca de 400 quilômetros da capital, Addis Abeba. Caso ambas as informações se confirmem, marcará uma nova etapa importante neste conflito que se arrasta há um ano.
As comunicações estão interrompidas em grande parte do norte da Etiópia e o acesso dos jornalistas é restrito, tornando praticamente impossível verificar declarações de ambos os lados.
Nesta segunda-feira, moradores de Kombolcha procurados pela AFP disseram ter ouvido tiros, continuamente, até a madrugada. Outros afirmaram ter ouvido um ataque aéreo.
Nas últimas semanas, o Exército etíope lançou bombardeios aéreos em Tigré, mas "não houve ataques aéreos em Kombolcha durante a noite", disse uma porta-voz do governo, hoje, à AFP.
A AFP não conseguiu se comunicar com moradores de Dessie nesta segunda-feira, onde confrontos foram relatados no domingo.
- EUA 'alarmados' -
"Os Estados Unidos estão alarmados com os informes da tomada de controle" destas duas cidades por parte da TPLF, tuitou nesta segunda-feira o secretário de Estado americano, Anthony Blinken, pedindo a "todas as partes que cessem as operações militares e comecem as negociações de cessar-fogo sem condições prévias".
O conflito do Tigré começou em novembro de 2020 e experimentou uma mudança dramática desde junho.
Prêmio Nobel da Paz de 2019, o primeiro-ministro Abiy Ahmed proclamou vitória em 28 de novembro passado, poucas semanas depois de enviar o Exército a Tigré para destituir as autoridades regionais dissidentes da TPLF.
Em junho, porém, os rebeldes recuperaram a maior parte da região, forçando as tropas do governo a se recuarem. Ao mesmo tempo, continuaram sua ofensiva nas regiões vizinhas de Amhara e Afar.
A propagação dos combates em Afar e Amhara deslocou centenas de milhares de pessoas e aumentou a crise humanitária que, segundo a ONU, deixou 400.000 pessoas à beira da fome.
Em setembro, as autoridades de Amhara estimaram que pelo menos 233.000 civis que fugiam do avanço rebelde encontraram abrigo em Dessie e em Kombolcha.
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