Jornal Estado de Minas

HAVANA

Governo cubano e organizadores de protesto trocam acusações

O grupo opositor cubano que convocou uma passeata para o próximo dia 15 denunciou que seus integrantes foram alvo de repressão por parte do governo, enquanto autoridades acusaram os líderes do grupo de serem agentes dos Estados Unidos.



"As várias formas de repressão não cessaram em Cuba" desde 11 de julho, quando eclodiram manifestações sem precedentes em cerca de 50 cidades, denunciou a Comissão de Apoio e Proteção aos Manifestantes do 15 de Novembro, criada para apoiar o grupo Arquipélago, que convocou a passeata.

A comissão afirma que as amostras de repressão "se intensificaram" desde o anúncio do protesto pela liberdade dos presos políticos, proibido pelo governo. Autoridades alegam que a mobilização visa a provocar uma mudança de regime, com o apoio dos Estados Unidos.

O grupo reportou que integrantes e apoiadores do Arquipélago fizeram 22 denúncias, entre os dias 25 e 30 de outubro, de represálias por participarem da convocação. Entre elas estão ameaças de demissão, intimidação, vigilância policial, reclusão domiciliar e prisões arbitrárias.



Autoridades acusaram no noticiário estatal o fundador do Arquipélago e organizador da manifestação, Yunior García, de querer criar "um clima de instabilidade" para dar "um golpe de Estado brando", após ter recebido treinamento no exterior, especialmente de organizações americanas.

O governo alertou os organizadores para as consequências criminais se persistirem no chamado à manifestação, programada para acontecer em Havana e em outras seis províncias da ilha. Em Cuba há "revolucionários em número suficiente para enfrentar qualquer tipo de manifestação", advertiu o presidente Miguel Díaz-Canel há uma semana, diante do desafio dos grupos de oposição de manter a marcha.

Nas redes sociais, foram publicados vídeos e fotos de civis armados com pedaços de pau e armas treinando para um possível confronto.

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