As negociações para salvar o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, interrompido desde junho, serão retomadas em 29 de novembro em Viena.
A tão esperada data foi anunciada na quarta-feira simultaneamente pelo Irã e pela União Europeia (UE), principal mediador das conversas indiretas entre Washington e Teerã.
"Não vamos recuar de forma alguma no interesse do povo iraniano, vamos continuar os esforços para neutralizar (os efeitos) das sanções opressivas e agir para seu levantamento", disse Raisi na quinta-feira.
Os países que continuam sendo parte do acordo concluído em 2015 - Irã, Alemanha, China, França, Reino Unido, Rússia - e que concordaram em limites estritos às atividades nucleares iranianas em troca de flexibilização das sanções, se reunirão sob a presidência do negociador europeu Enrique Mora, disse Josep Borrell, chefe da diplomacia da UE, em um comunicado.
As discussões enfatizarão "a perspectiva de um possível retorno dos Estados Unidos" ao texto que abandonaram unilateralmente em 2018 sob a presidência de Donald Trump, quando foram restabelecidas as sanções punitivas contra o Irã, explicou Borrell, e "a forma de garantir a implementação plena e efetiva do acordo para todas as partes."
O presidente americano, Joe Biden, declarou que estava pronto para retornar ao tratado de 2015, mas ambas as partes não concordaram sobre as condições para recuperá-lo.
- "Nos enganaram" -
O Irã quer que sejam suspensas todas as sanções que lhe foram impostas após a retirada de Trump do acordo.
No entanto, o governo Biden afirma que só negociará algumas delas, como a proibição unilateral das vendas de petróleo iraniano. Não querem entrar em outras medidas impostas, especialmente em questões de direitos humanos.
Washington afirma que a janela de oportunidade está se fechando rapidamente, então também insiste que Teerã deve mais uma vez cumprir os limites de seu programa nuclear.
O Irã também quer um compromisso de que os Estados Unidos se mantenham no acordo, algo que parece difícil, já que o partido republicano, em sua melhor forma após a vitória nas eleições estaduais de terça-feira, se opõe fortemente à diplomacia de Biden com o país.
"Não sairemos da mesa de negociações, mas nos oporemos a demandas excessivas que prejudicam os interesses do povo iraniano", disse o presidente iraniano em cerimônia em Semnan, a leste de Teerã, por ocasião do 42º aniversário da apreensão da embaixada dos Estados Unidos no Irã, segundo nota da presidência.
Em 4 de novembro de 1979, sete meses após a proclamação da República Islâmica do Irã, estudantes islâmicos invadiram a embaixada americana em Teerã exigindo a extradição do ex-xá Mohamed Reza Pahlavi, que estava sendo tratado nos Estados Unidos. 52 diplomatas e funcionários foram feitos de reféns por 444 dias.
Desde então, as relações entre os dois países são tensas. Washington rompeu seus laços diplomáticos e impôs um embargo comercial ao Irã em abril de 1980.
Na quinta-feira, milhares de iranianos protestaram em frente à ex-embaixada americana em Teerã, gritando "morte à América" e "morte a Israel" e questionando a recuperação das negociações nucleares no final deste mês.
Maedeh Razaghnejad, um estudante, afirmou que "nos enganaram várias vezes. Não vamos participar das negociações, não podemos confiar neles".
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