As últimas promessas de redução de emissões - conhecidas como Contribuições Determinadas em Nível Nacional, ou NDCs (sigla em inglês)- até 2030, antes da conferência de Glasgow, colocaram a Terra no caminho de um aumento médio de temperatura de +2,7ºC neste século.
Assumindo que todos os compromissos adicionais para alcançar a neutralidade de carbono até 2050 sejam mantidos e totalmente cumpridos, o aquecimento seria limitado a +2,2 °C.
No Acordo de Paris de 2015, os países se comprometeram a limitar o aumento da temperatura "bem abaixo" de 2ºC e a trabalhar em direção à meta de + 1,5ºC.
Esta semana houve novos anúncios, incluindo o compromisso da Índia de atingir a neutralidade de carbono até 2070, as promessas do Brasil e da Argentina de fortalecer suas metas de curto prazo e a determinação de cem países de reduzir suas emissões de gás metano em 30% até 2030.
Os especialistas acreditam que tudo isso pode ter um efeito significativo no aquecimento, mas ainda é difícil de calcular.
- 1,8ºC? -
Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia, disse quinta-feira que, segundo análise não publicada de sua entidade, se todos os compromissos da COP26 forem cumpridos, o aquecimento ficará limitado a + 1,8ºC.
No entanto, ele enfatizou que esse número depende muito de os países fazerem os cortes rápidos de emissões necessários para cumprir seus planos de neutralidade de carbono.
"O essencial é que os governos transformem suas promessas em ações e estratégias políticas claras e confiáveis hoje", conclamou.
- 1,9ºC? -
Uma avaliação da Universidade de Melbourne nesta semana analisou novas promessas de zero emissão líquida de países, incluindo as da Índia e China - o maior emissor do mundo - e concluiu que elas representam um "passo importante" para limitar o aquecimento a + 1,5 ° C.
A equipe aplicou o mesmo modelo climático usado no último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para os NDCs.
E determinou, com uma "probabilidade de 50%", que se somadas as novas promessas feitas por 194 países, a Terra aqueceria 1,9ºC até 2100.
- Muito cedo para precisar -
A ONU divulgou uma avaliação preliminar dos novos NDCs na quinta-feira. Embora ainda não tenha convertido os cálculos em seu equivalente de temperatura, constatou que os planos mais recentes significariam um aumento nas emissões de 13,7% em 2030 em relação a 2010.
É um pouco melhor do que os 16% da avaliação anterior feita em outubro, mas está longe da redução de 45% exigida para a meta de + 1,5ºC.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) informou no mês passado que apenas uma redução nas emissões nesta década oito vezes maior do que o esperado limitaria o aquecimento a +1,5 ºC.
Mesmo que a avaliação otimista de Birol seja confirmada, as ONGs dizem que ultrapassaria + 1,5 ° C e que cada décimo de grau causaria uma série de catástrofes devastadoras.
"Se chegarmos a + 1,5 ° C, alguns países simplesmente desaparecerão do mapa. Portanto, o que temos que tirar desses números é que não precisamos apenas de palavras, precisamos de ações", disse Juan Pablo Osornio, do Greenpeace.
GLASGOW