Jornal Estado de Minas

PROTESTO

Rapper que viralizou ao satirizar nacionalistas chineses defende crítica


Namewee, o rapper da Malásia que escreveu uma canção pop em mandarim na qual zomba dos nacionalistas chineses, afirmou nesta segunda-feira (15/11) que não se arrepende de estar na lista de restrições criada por Pequim, já que sua canção alcançou mais de 30 milhões de visualizações no YouTube.



"Fragile" do rapper malaio Namewee foi lançado no mês passado com a colaboração da cantora australiana Kimberley Chen. A música é um verdadeiro sucesso na Ásia e foi censurada na China continental. A música é apresentada como uma canção de amor, mas está cheia de alusões àqueles que elogiam a China e o governo autoritário de Pequim na internet.



"Eu nunca me repreendo ou me autocensuro", disse Namewee em entrevista coletiva em Taipei, capital de Taiwan.

Nas últimas semanas, Fragile foi um dos vídeos mais vistos no YouTube em Taiwan, Hong Kong, Cingapura e Malásia, e também causou sensação na Austrália, Canadá e Estados Unidos.

Censurado nas redes chinesas

Poucos dias após o lançamento da música, as contas de Namewee e Chen nas redes sociais chinesas foram excluídas e sua música foi censurada. A mídia estatal acusa o casal de insultar o país.



A China censura regularmente canções consideradas politicamente incorretas por sites de streaming nacionais.

Em agosto, o Ministério da Cultura chinês disse que vai estabelecer uma lista de músicas proibidas com "conteúdo ilegal", por colocarem em risco a segurança nacional. O rapper de 38 anos já foi objeto de controvérsia na Malásia, de maioria muçulmana.

Em 2016, ele foi detido por vários dias por supostamente insultar o Islã em um vídeo parcialmente gravado em uma mesquita. Ele foi preso novamente dois anos depois pelo mesmo motivo: insultar o Islã em um vídeo de dançarinos com máscaras de cachorro realizando movimentos provocativos.

Chen, 27 anos, cresceu na Austrália, mas se mudou para Taiwan em 2009 para seguir a carreira de cantora. Depois de ter suas contas de redes sociais chinesas removidas, ele respondeu cantando uma letras alterada do refrão de Fragile, celebrando que ele ainda tinha acesso ao Facebook e Instagram, que - como o YouTube - são proibidos na China.