A crise desencadeou a tensão entre Belarus, apoiado pela Rússia, e a União Europeia, que acusa o presidente Alexander Lukashenko de instigar esta onda de migração em retaliação às sanções europeias pela repressão cometida por seu regime.
Desde agosto, as instituições da UE têm redobrado seus esforços diplomáticos para fechar as rotas de trânsito de migrantes do Oriente Médio para Minsk, de onde seguiam primeiro para a Lituânia e agora para a Polônia.
Em agosto, a companhia aérea Iraqi Airways suspendeu os voos diretos entre Minsk e Bagdá por ordem do governo iraquiano.
Há duas semanas, os consulados bielorrussos em Erbil (no Curdistão iraquiano) e Bagdá, onde os vistos de turista são emitidos para Minsk, também foram fechados a pedido do Executivo.
Na semana passada, a Turquia proibiu iraquianos, sírios e iemenitas de voar para Belarus, e a empresa Belavia decretou medida semelhante para voos de Dubai.
- Pela Rússia, Dubai, Doha e Ancara -
Mas, de acordo com operadores turísticos e especialistas consultados pela AFP, os migrantes ainda encontram rotas para chegar a Minsk e, a partir daí, às fronteiras com a União Europeia.
"Agora tudo é feito através da Rússia", disse um funcionário anônimo de uma agência de viagens em Bagdá.
Por quase 2.000 dólares, o cliente consegue o visto de turista e o voo para a Rússia, e depois o transporte terrestre controlado por traficantes até a fronteira com Belarus. O salário médio no Iraque é de cerca de 300 dólares.
Mas, de acordo com Mera Jassem Bakr, um pesquisador iraquiano especializado em fluxos migratórios, os migrantes também têm rotas alternativas por Dubai, Doha e Ancara. Na verdade, eles nem precisam de visto para entrar no Catar se fizerem escala em Doha.
"São pacotes com tudo incluído", diz Bakr. "Dois meses atrás, eles custavam 2.500 dólares. Agora estão entre 3.500 e 4.000 dólares", diz ele.
Tudo incluído ... exceto o acesso à União Europeia, onde migrantes como Dana (pseudônimo) foram deixados às portas.A mulher síria pouco se importa com "as consideráveis somas" já investidas, agora ela gostaria de voltar para casa.
Ela acaba de chegar a Minsk após 20 dias na fronteira com a Polônia, "sem água, sem comida" e com "golpes" de soldados bielorrussos.
"Apesar da guerra e dos problemas, me sinto mais segura na Síria do que aqui", diz ela.
BAGDÁ