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Estado de Minas PARIS

Mario Vargas Llosa eleito membro da Academia Francesa


25/11/2021 15:30

A Academia Francesa anunciou nesta quinta-feira (25) a eleição do escritor hispano-peruano Mario Vargas Llosa como novo membro, o primeiro autor de língua estrangeira a ingressar na instituição histórica fundada em 1635.

Vargas Llosa também é membro da Real Academia Espanhola desde 1994.

Aos 85 anos, sua entrada no templo das letras francesas é ainda mais excepcional, já que, desde 2010, as regras são que os candidatos devem ter menos de 75 anos.

Na história da Academia Francesa houveram escritores bilíngues, como o argentino Héctor Bianciotti (1930-2012), que publicou parte de sua obra em espanhol. Mas Vargas Llosa é o primeiro a entrar sem ter escrito diretamente em francês.

Vargas Llosa foi eleito com 18 votos a favor. Ele assume a cadeira deixada vaga por Michel Serres, acadêmico falecido em 2019.

- Ligações com a cultura francesa -

Mario Vargas Llosa, que atualmente mora em Madri, fala francês fluentemente, graças a uma temporada em Paris a partir de 1959, onde trabalhou como tradutor e jornalista.

Desde então, o escritor manteve laços estreitos com a cultura francesa, à qual dedicou inúmeros ensaios e artigos.

Em 2004, publicou "La tentación de lo imposible" (A tentação do impossível) sobre uma das suas obsessões literárias, "Los Miserables" de Victor Hugo.

Apenas dois anos depois, ele lançou outro ensaio, "La orgía perpetua" (A orgia perpétua) sobre "Madame Bovary", de Gustave Flaubert.

- Autor da Pléiade -

Autor emblemático do boom latino-americano que abalou a literatura mundial na segunda metade do século 20, Vargas Llosa reconhece a influência de intelectuais franceses como Jean-Paul Sartre em seus primeiros anos, e em sua decisão de se tornar escritor.

Nos anos 1970, viveu uma grande virada ideológica: passou de simpatizante de causas como a Revolução Cubana para a redescoberta do liberalismo clássico, denunciando todos os tipos de totalitarismo, da esquerda e da direita.

Essa mudança, que lhe rendeu a hostilidade de alguns círculos, também teve sua tradução na arena intelectual francesa.

Fez amizade com ensaístas como Jean-François Revel (também membro da Academia Francesa, eleito em 1997), conhecido pelas suas críticas amargas à classe intelectual parisiense, e acompanhou de perto as lutas políticas neste país.

Muito de seu trabalho foi traduzido para o francês, especialmente pela editora Gallimard.

Em 2016, se tornou o primeiro escritor estrangeiro vivo a ingressar no prestigioso acervo da Pléiade, uma editora francesa fundada em 1931, famosa por suas publicações de luxo e de obras com alto valor literário.


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