"Temos plena confiança na solidez das instituições democráticas brasileiras para realizar eleições livres e justas", disse a jornalistas Juan González, encarregado de assuntos latino-americanos do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
González respondeu assim ao ser perguntado sobre a possibilidade de o Brasil ter seu próprio "6 de janeiro" após as eleições presidenciais e legislativas de outubro do ano que vem, em alusão à invasão do Congresso americano em 6 de janeiro de 2021 por partidários do ex-presidente Donald Trump, que tentavam evitar a certificação da vitória eleitoral de Biden.
O presidente Jair Bolsonaro, apelidado de "Trump dos Trópicos", tem afirmado, sem apresentar provas, que o sistema de votação eletrônico do Brasil, em funcionamento desde 1996, se presta à fraude e declarou que se negará a conceder a derrota se perder. "Só Deus me tira do poder", disse.
O Brasil é um dos países convidados à cúpula virtual para líderes de governo, da sociedade civil e do setor privado, convocada por Biden para 9 e 10 de dezembro.
Perguntado sobre a pertinência de Bolsonaro participar do fórum em vista de suas críticas constantes ao sistema democrático, González confirmou sua participação.
"O Brasil precisa definitivamente ter um assento na mesa. Porque se olhamos para a trajetória da democracia brasileira, penso que as instituições democráticas brasileiras têm muito a ensinar ao mundo sobre a democracia", afirmou.
González destacou que não só governantes vão participar da cúpula.
"Acho que é importante que os líderes escutem os jornalistas e a sociedade civil e os ajudem a assumir seus próprios compromissos sobre como os governos podem responder a algumas das demandas que recebem da população", acrescentou.
Bolsonaro, no poder desde 1º de janeiro 2019, afiliou-se na terça-feira ao Partido Liberal (PL), com vistas à sua reeleição em 2022, embora ainda não tenha anunciado sua candidatura.