"Dissemos que o programa não estava escrito em pedra", afirmou Kast à imprensa na apresentação oficial de seu plano de governo, que visa a atrair o voto do eleitorado que ficou órfão de representação política entre as duas candidaturas de polos opostos.
O advogado de 55 anos, candidato do Partido Republicano e vencedor do primeiro turno (27,9% dos votos), reformulou a versão original do seu programa e suavizou algumas das propostas mais criticadas em temas sociais e econômicos.
Entre os pontos retocados, destaca-se a menção à redução do Estado, sem se referir a percentuais ou números, como fazia a primeira versão do programa; desaparece a frase "revogaremos a lei que possibilita o aborto proferida durante o governo da ex-presidente (Michelle) Bachelet", e elimina o projeto de "dotações militares" para o controle fronteiriço com os países vizinhos (Bolívia, Peru e Argentina).
Vários destes retoques foram sugeridos por partidos e líderes de centro direita e da direita liberal que têm lhe dado apoio após o primeiro turno em 21 de novembro.
- Retoques -
No novo programa não estão incluídas propostas que geraram fortes críticas, como a revogação da lei do aborto, aprovada no Chile em 2017, e que permite a interrupção da gravidez em três casos: risco de vida para a mulher, inviabilidade fetal e estupro.
"As circunstâncias vão mudando" ao longo da campanha, disse o candidato ultraconservador, pai de nove filhos e defensor do ditador Augusto Pinochet (1973-1990).
Certos pontos de seu programa lhe renderam críticas de parte da sociedade. Kast foi acusado de machismo por querer eliminar o Ministério da Mulher - 48º ponto de seu programa -, de homofobia por se opor ao casamento entre pessoas do mesmo sexo - 249º -, de xenofobia após anunciar um fosso no deserto para evitar a entrada irregular de migrantes - 822º - e de fascismo devido à sua proposta de "coordenação internacional antirradicais de esquerda" - 33º.
O candidato modificou a proposta de eliminar o Ministério da Mulher e fundi-lo com outro. "Foi um erro dizer que queremos fundir o Ministério da Mulher com outros, mas o norte continua sendo o mesmo, mais direitos e recursos para as mulheres em todos os âmbitos", afirmou Kast nesta terça.
Quanto à migração ilegal, o candidato mantém a proposta de criar um fosso na fronteira com a Bolívia, por onde migrantes ilegais, a maioria venezuelanos, cruzaram caminhando desde o fim de 2020, assim como criar um "acampamento militar temporário na zona de Colchane", epicentro da crise migratória no Chile.
O programa também mantém a exigência da Bolívia e do Peru - sem mencionar a Argentina, como na versão original -, que reforcem as fronteiras e "se encarreguem das caravanas de migrantes ilegais que vêm de seus territórios e que acabam no Chile por sua negligência e falta de controle".
audima