Ao publicar sua avaliação da estabilidade do sistema financeiro chileno, a organização financeira multilateral alertou que o sistema de pensões por capitalização do país sul-americano "está ameaçado".
O relatório FSSA, como é conhecido na sigla em inglês, "recomendou que as retiradas de pensões e as liquidações de rendas vitalícias fossem interrompidas", disse o FMI em um comunicado.
"Além disso, a regulamentação dos fundos de pensão e as opções de investimento devem ser aprimoradas para promover o investimento de longo prazo e minimizar a troca excessiva de carteira", acrescentou.
O Congresso chileno rejeitou na semana passada um projeto de lei que permitia a quarta retirada parcial dos fundos de pensão privados, uma iniciativa rejeitada pelo governo conservador do presidente Sebastián Piñera.
O FMI concluiu ainda que o sistema financeiro do Chile "funciona bem em geral dentro de um marco regulatório sólido".
As repercussões dos protestos sociais no final de 2019 e o surgimento da covid-19 "foram habilmente administrados, graças a respostas massivas e bem coordenadas de supervisão, assim como ao apoio de liquidez sem precedentes do Banco Central do Chile", afirmou o FSSA.
Desde setembro de 2020, em meio ao pior momento da pandemia no Chile e no contexto de ajudas estatais atrasadas e consideradas insuficientes, o Congresso aprovou três retiradas de até 10% dos fundos de pensão.
Esses fundos, geridos pelas Administradoras de Fundos de Pensões (AFP), foram criados durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) como um sistema pioneiro em estabelecer a capitalização absolutamente individual dos trabalhadores.
Nas três ocasiões anteriores, os chilenos sacaram cerca de 50 bilhões de dólares, quase um quarto dos recursos administrados pelas AFP. Quase metade dos 11 milhões de membros ficaram com a conta zerada após realizar os saques de seus fundos de aposentadoria.
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