A dez dias do Natal, o Centro Europeu para a Prevenção e o Controle de Doenças (ECDC) aumentou em um nível sua avaliação de risco desta variante para "muito alta" e disse que "só a vacinação não permitirá impedir o impacto da variante ômicron".
Também recomendou medidas como o retorno ao trabalho remoto e mais prudência nas comemorações de fim de ano.
No entanto, um endurecimento das medidas sanitárias pode ser difícil de implementar em algumas regiões da Europa após quase dois anos de pandemia.
Na Alemanha, a polícia interveio nesta quarta-feira em Dresden (Saxônia), reduto do movimento antivacinas e de extrema direita, após ameaças de morte proferidas no Telegram contra o ministro-presidente regional, Michael Kretschmer.
A polícia suspeita que alguns membros do grupo que proferiu as ameaças "poderiam estar em posse de armas reais e balestras", um tipo de arma medieval.
No Parlamento, o novo chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que seu país "se defenderá" de uma "minoria de extremistas" antivacinas.
Em certas regiões do país, como em Baviera ou Berlim, as autoridades começaram a vacinar os menores de 12 anos.
Dinamarca, Áustria, Grécia, Hungria também iniciaram a imunização deste setor da população.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta é a faixa etária mais afetada pelos contágios. No fim de novembro, a agência de medicamentos europeia autorizou a vacina da Pfizer-BioNTech para eles.
- "Para abraçar sem limites" -
Um dos países com as mais altas taxas de vacinação da Europa e onde os antivacinas são minoria, a Espanha passou a imunizar crianças entre 5 e 11 anos em escolas, centros de vacinação e hospitais, dependendo das regiões.
O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, disse esperar que a aplicação de vacinas em crianças faça de seu país "um exemplo para o mundo".
O governo lançou um anúncio na televisão para promover a imunização. Nele, algumas crianças dizem que é sua vez de levarem a picada "para abraçar sem limites", "para ajudar a acabar com o vírus" e "para proteger os idosos".
Uma pesquisa do instituto Appinio mostra que 74% dos pais espanhóis com filhos entre 5 e 11 anos pretendem vaciná-los.
Magdalena, de 11 anos, recebeu sua primeira dose nesta quarta-feira no hospital Príncipe das Astúrias de Alcala de Henares, nos arredores de Madri.
"Não fiquei nervosa", afirma. "Fiquei muito feliz, porque já queria me vacinar há muito tempo".
Na Grécia, o ministro da Educação, Niki Kerameus, foi um dos primeiros a levar o filho ao hospital para receber a vacina. O país já tem mais de 30.000 agendamentos para a aplicação das doses em crianças.
A França aprovou a vacinação apenas para crianças com risco de desenvolver uma forma grave da doença, mas o governo cogita expandir a medida para todos, de forma voluntária.
Outros países europeus, como Itália, Polônia, Portugal, República Tcheca, Chipre, ou as nações bálticas, iniciarão campanhas similares nos próximos dias. Alguns ainda debatem o que deve ser feito.
A Suíça tem a aprovação da agência reguladora, mas provavelmente a campanha começará apenas em janeiro. Bélgica e Reino Unido aguardam as recomendações de suas agências reguladoras.
Fora da Europa, a vacinação de menores de 12 anos já foi adotada em vários países, como Estados Unidos, Bolívia, ou Chile - neste último caso, a partir dos 3 anos.
Nos Estados Unidos, primeiro grande país a ampliar a vacinação para os pequenos, mais cinco milhões de crianças já foram imunizadas.
- Recorde de casos no Reino Unido -
Esta nova etapa da vacinação começou enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, advertia no Parlamento Europeu que a ômicron pode ser "a nova variante dominante na Europa em meados de janeiro".
Reino Unido e África do Sul registraram recordes de casos diários de covid-19 desde que a pandemia começou.
Uma das nações mais castigadas da Europa pena pandemia, com 146.791 mortos até o momento, registrou 78.610 novos casos em 24 horas. Já a África do Sul, onde a variante ômicron foi detectada pela primeira vez em novembro, registrou 26.976 infecções por covid-19 no mesmo intervalo.
E diante do aumento dos contágios, a Itália endureceu as condições de acesso ao país para viajantes da União Europeia. A partir da quinta-feira, será exigido um exame negativo e os não vacinados terão que fazer quarentena de cinco dias.
No Marrocos, do outro lado do Mediterrâneo, o governo anunciou o primeiro caso da variante e voltará a fechar suas fronteiras a partir de 23 de dezembro.
Desde o fim de 2019, a pandemia deixou mais de 5,3 milhões de mortos no mundo, segundo um balanço da AFP desta quarta-feira com base em fontes oficiais.
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