Jornal Estado de Minas

SANTIAGO

Morre Lucía Hiriart, viúva do ex-ditador chileno Augusto Pinochet

Lucía Hiriart, viúva do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, morreu aos 98 anos na tarde desta quinta-feira (16) na casa onde vivia, na companhia de seus filhos e netos, confirmou sua família.



Em breve declaração à imprensa, seu filho caçula, Marco Antonio Pinochet, informou: "Lamentamos comunicar o falecimento da nossa querida mãe, Lucía Hiriart de Pinochet", ex-ditador que governou o Chile com mão de ferro entre 1973 e 1990, deixando mais de 3.200 mortos e desaparecidos.

Lucía Hiriart morreu "hoje, acompanhada de todos os seus filhos e netos. Dormiu na paz do Senhor", acrescentou a declaração, lida perante um grupo de jornalistas, que aguardavam nos arredores do apartamento onde ela faleceu.

Seu filho confirmou que "seus funerais serão realizados em breve".

- Comemorações populares -

Imediatamente após a divulgação pela imprensa da morte de Lucía Hiriart, motoristas fizeram um buzinaço como forma de comemoração de um evento esperado há anos.

Centenas de pessoas se reuniram na praça Itália, no centro de Santiago, comemorando a morte da viúva do ex-ditador.



No Twitter existe uma conta chamada "¿Se murió la vieja?" (A velha morreu?), com 54.000 seguidores e que reportava diariamente a condição de saúde de Lucía Hiriart. Hoje, publicou um "Sim", que foi compartilhado por mais de 23.000 internautas.

- Mulher forte do regime -

Considerada a mulher forte do regime militar, Lucía Hiriart teve várias idas e vindas ao hospital Militar de Santiago nos últimos meses. Em 10 de dezembro, quando completaram-se 15 anos do falecimento de seu marido, ela fez 98 anos, segundo a certidão de nascimento à qual a AFP teve acesso.

A biografia sobre ela, escrita pela jornalista Alejandra Matus, assegura que foi inscrita no registro civil um ano depois de seu nascimento. Portanto, segundo sua versão, ela teria na verdade 99 anos.

Pinochet, que morreu aos 91 anos de um infarto, conseguiu se esquivar da justiça, que o perseguida pelas violações dos direitos humanos e malversação de recursos públicos após a descoberta de uma dezena de contas bancárias abertas sob pseudônimos no desaparecido Riggs Bank dos Estados Unidos.

"Penso que a partida da senhora Lucía é um marco final de uma época com mais luzes do que sombras. Uma etapa da história que deve deixa lições para as gerações futuras", disse o senador direitista Iván Moreira, muito ligado à família, em vídeo enviado à AFP.



Sua morte ocorre a três dias do segundo turno das presidenciais em que se enfrentam o esquerdista Gabriel Boric e o ultradireitista José Antonio Kast, que defende a ditadura de Pinochet, e quando os dois candidatos encerravam suas campanhas.

"Lucía Hiriart morre na impunidade, apesar da profunda dor e divisão que causou ao nosso país. Meus respeitos às vítimas da ditadura da qual ela fez parte. Não celebro a impunidade, nem a morte. Trabalhamos pela justiça e a vida digna, sem cair em provocações, nem na violência", disse Gabriel Boric, em mensagem no Twitter, que em seguida reproduziu em seu ato maciço de encerramento de campanha.

Kast, por sua vez, afirmou: "As pessoas vão tentar levar isto a um fato de campanha. Mais do que dar condolências à família e sempre lamentar a morte de alguém, não quero transformar isto em um ato político", disse, afirmando que não planeja ir ao funeral porque não conhecia a família.

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