Em tom desafiador e falando pela primeira vez desde que seu julgamento foi aberto no final de novembro, a socialite britânica de 59 anos dirigiu-se ao tribunal de Nova York apenas para dizer que não testemunharia.
"Meritíssima, o governo não provou seu caso além de qualquer dúvida razoável, então não há necessidade de eu testemunhar", declarou Maxwell à juíza Alison Nathan.
A promotora Maurene Comey disse que as partes chegaram a um consenso para encerrar o caso na sexta-feira.
Se for condenada pelo júri, Maxwell pode ser sentenciada à prisão perpétua por seis acusações de seduzir e transportar menores para fazer sexo com Epstein, seu companheiro de longa data.
A acusação foi encerrada na sexta-feira da semana passada, depois de levar apenas 10 dias para interrogar suas testemunhas.
Tentaram retratar Maxwell como cúmplice de Epstein no recrutamento das meninas que foram exploradas sexualmente pelo empresário americano, que se suicidou na prisão há dois anos enquanto aguardava seu próprio julgamento.
Duas mulheres disseram que tinham apenas 14 anos quando Maxwell supostamente começou a prepará-las e fazer os arranjos para que Epstein recebesse massagens que terminaram em atividade sexual.
Uma delas, identificada como "Jane", detalhou como Maxwell a recrutou para um acampamento de verão e a fez se sentir "especial". Ela lembrou que os encontros sexuais com Epstein se tornaram rotina e que Maxwell estava presente em alguns.
Outra, chamada "Carolyn", disse que geralmente recebia 300 dólares após encontros sexuais com Epstein, muitas vezes das mãos da própria Maxwell.
Os supostos crimes teriam ocorrido entre 1994 e 2004.
- 'Falsas memórias' -
A defesa de Maxwell, que começou seu caso na quinta-feira, questionou a capacidade das mulheres de se lembrar de eventos de um quarto de século atrás. Também mencionaram o suposto uso de drogas por duas delas.
No entanto, após indicar que pretendia chamar 35 testemunhas, a defesa convocou apenas nove para depor no primeiro dia e meio. Outras desistiram, atrasaram-se ou não estavam disponíveis.
Uma juiza cada vez mais exasperada pediu-lhes na manhã de sexta-feira que apresentassem as testemunhas prometidas ou encerrassem seu caso.
Entre as testemunhas de defesa estava a psicóloga Elizabeth Loftus, especialista em "falsas memórias", cujo depoimento teve como objetivo questionar as memórias das quatro supostas vítimas.
Outra testemunha que se apresentou na sexta-feira foi Eva Andersson-Dubin, uma ex-ministra sueca, que namorou Epstein entre 1983 e 1991 e permaneceu amiga dele por anos.
A ex-modelo e esposa do financista Glenn Dubin levou registros de voos mostrando que ela, seu marido e seus três filhos voavam regularmente em jatos particulares de Epstein e frequentemente passavam férias em sua casa em Palm Beach, entre 1994 e 2004.
Ela disse nunca ter visto nenhum comportamento impróprio entre Epstein e garotas adolescentes. No entanto, também admitiu durante o exame cruzado que tem problemas de memória devido a um possível "problema médico".
"É muito difícil para mim lembrar de algo muito distante e às vezes nem consigo me lembrar das coisas do mês passado. Minha família percebe. Eu percebo. Tem sido um problema", admitiu a mulher de 60 anos, à promotora Allison Moe.
A defesa também interrogou brevemente dois agentes do FBI na sexta-feira antes de chamar Michelle Healy, a ex-recepcionista de Epstein.
O caso deveria ser concluído no final da sexta-feira, depois que a defesa retirou os pedidos para apresentar uma testemunha identificada como "Kelly" e colocou um dono de um pub londrino para depor.
No dia anterior, a juiza Nathan rejeitou um pedido para que três testemunhas prestassem depoimentos anonimamente. Também rejeitou as tentativas da defesa de chamar dois advogados para depor como acusadores de Epstein.
A promotora Maurene Comey acusou a defesa de usar táticas dilatórias.
"A defesa teve uma quantidade extraordinária de tempo para preparar seu caso", apontou.
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