O ex-presidente preso e líder da oposição na Geórgia, Mikheil Saakashvili, desenvolveu graves problemas neurológicos devido à tortura e aos maus-tratos que sofreu na prisão, disse um conselho independente de médicos no sábado.
Mikheil Saakashvili, de 53 anos, desenvolveu uma série de problemas neurológicos "como resultado de tortura, maus-tratos, falta de atendimento médico e uma prolongada greve de fome", disseram os médicos que o examinaram na prisão.
Saakashvili se recusou a comer por 50 dias para protestar contra sua prisão, que ele acredita ter motivação política. A greve terminou quando o líder pró-Ocidente foi transferido para um hospital militar em estado crítico.
No início de novembro, Saakashvili relatou ter sido submetido a tortura psicológica, ameaças de morte, privação de sono e abuso físico. "Fui torturado, tratado de forma desumana, espancado e humilhado", disse ele.
O comunicado do conselho médico revela que ele foi diagnosticado com encefalopatia de Wernicke, uma doença cerebral potencialmente fatal, bem como transtorno de estresse pós-traumático e outras condições.
Uma das médicas, a psiquiatra Mariam Jishkariani, disse à AFP que as condições que levaram à "tortura psicológica de Saakashvili podem incapacitá-lo se não receber atenção médica adequada".
A Anistia Internacional chamou o tratamento recebido por Saakashvili de não apenas "justiça seletiva, mas uma aparente vingança política".
Presidente da Geórgia entre 2004 e 2013, Saakashvili foi preso em 1º de outubro, logo após seu retorno secreto ao país, vindo da Ucrânia.
Sua prisão alimentou a crise política no país, já agravada por denúncias de fraude por parte da oposição nas eleições legislativas do ano passado.