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Estado de Minas HAIA

Promotores holandeses apresentam pedidos de condenação pela queda do voo MH17 na Ucrânia


20/12/2021 12:20 - atualizado 20/12/2021 12:26

Os promotores holandeses disseram nesta segunda-feira (20) que os quatro suspeitos de derrubar o voo MH17 da Malaysia Airlines com um míssil na Ucrânia "perseguiam seus próprios interesses militares", durante uma audiência de encerramento deste julgamento de alto impacto.

Quatro suspeitos estão sendo julgados à revelia pelo tribunal encarregado de esclarecer as circunstâncias da queda do voo MH17 da Malaysia Airlines, sobre um território em conflito na Ucrânia, que deixou 298 mortos em 2014.

Os promotores afirmaram que os quatro acusados tiveram um papel fundamental na hora de obter o sistema de míssil BUK terra-ar, que provavelmente buscava derrubar um avião militar ucraniano.

Os suspeitos "usaram um míssil BUK como uma ferramenta para perseguir seus próprios objetivos militares e atingir o MH17 com ele", estimou a acusação.

"Um erro no objetivo também não faz diferença no fato de que um crime tenha acontecido", argumentou o promotor Thijs Berger aos juízes.

Investigadores internacionais alegam que o míssil BUK foi transferido de uma base militar russa para uma parte do leste da Ucrânia no poder dos separatistas pró-Moscou, para ser usado contra as forças de Kiev.

Para Berger, os homens julgados "não apertaram o botão (...), mas o usaram para sua luta armada com o objetivo de destruir um avião".

Os suspeitos julgados são os russos Igor Girkin, Serguei Dubinsky e Oleg Pulatov, além do ucraniano Leonid Kharshenko, que se negaram a comparecer ao julgamento na Holanda.

- Pena máxima -

O veredicto do tribunal de segurança máxima, próximo ao aeroporto Schipol de Amsterdã, de onde decolou o voo com destino a Kuala Lumpur, só deve ser anunciado no fim de 2022.

"A pena máxima é prisão perpetua", afirmou à AFP o porta-voz do tribunal.

Os corpos das vítimas ficaram espalhados por um campo de girassóis, entre os destroços da aeronave.

Girkin, 49 anos, conhecido pelo pseudônimo "Strelkov", é o suspeito mais famoso, um ex-espião russo que contribuiu para o início da guerra na Ucrânia.

Dubinsky, 57, também ligado à inteligência russa, foi chefe do serviço de informações militares dos separatistas.

Pulatov, 53, foi soldado das forças especiais russas e subalterno de Dubinsky.

Kharshenko, 48, supostamente liderou uma unidade separatista no leste da Ucrânia.

Pulatov é o único suspeito representado por advogados.

O porta-voz da corte afirmou que os promotores dedicarão a segunda-feira e terça-feira à apresentação das provas, incluindo escutas telefônica e eletrônicas, assim como as circunstâncias sobre o míssil e os acusados.

O pedido de condenação deve ser apresentado na quarta-feira com "uma longa justificativa da pena solicitada", segundo o porta-voz.

Os promotores indicaram no início do julgamento, em março de 2020, que se o tribunal emitisse uma condenação eles fariam o possível para "garantir que fosse cumprida, na Holanda ou em outro lugar".

No julgamento foram ouvidos os depoimentos comoventes de parentes das vítimas, que falaram da perda de filhos, pais e irmãos. Também pediram à "corrupta" Rússia que estabeleça justiça.

Kiev enfrenta uma insurgência pró-Moscou em duas regiões separatistas desde 2014, ano em que o Kremlin anexou a península da Crimeia.

Os países ocidentais adotaram sanções contra a Rússia pela derrubada do voo MH17.

Recentemente, a Rússia enviou tropas para a fronteira com a Ucrânia, um dispositivo criticado por países ocidentais, que denunciam supostos planos de invasão e alertam Moscou sobre sanções significativas em caso de ataque.

Moscou negou a versão e o presidente Vladimir Putin se reuniu com o colega americano, Joe Biden, para receber garantias que permitiriam retirar as tropas.

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