"Seria um grave erro deixar de ouvir os anseios da população. Uma boa Constituição é aquela que ajuda o país a funcionar bem", disse Bachelet, a primeira mulher a governar o Chile duas vezes, de 2006 a 2010 e entre 2014 e 2018.
Ele também destacou a importância do novo texto garantir a plurinacionalidade dos povos indígenas, que pela primeira vez estão representados neste órgão, com 17 cadeiras reservadas.
A alta comissária defendeu ainda que as mudanças não sejam realizadas de forma abrupta e que haja participação da população.
"Os cidadãos não querem apenas escolher um candidato, mas também tomar as decisões no dia a dia", afirmou Bachelet.
No entanto, reconheceu que "não são discussões fáceis ou intuitivas e estão apenas começando a sair do círculo dos acadêmicos", então "muita pedagogia precisará ser investida para adicionar os cidadãos à decisão" de mudar ou não o atual regime de governo para o semipresidencialismo ou o parlamentarismo.
Outro desafio, acrescentou, "é conseguir um equilíbrio para representar da melhor forma possível os anseios dos cidadãos e ao mesmo tempo ter governabilidade".
Bachelet chegou ao Chile dias antes da votação de domingo, que deu a vitória ao jovem deputado de esquerda Gabriel Boric, a quem ela deu seu apoio público.
Outros ex-presidentes, como o socialista Ricardo Lagos (2000-2006), também visitaram a Convenção, que foi instalada em 4 de julho, para oferecer sua visão sobre o trabalho que está sendo realizado.
A elaboração de uma nova Constituição para substituir aquela herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) foi aprovada em plebiscito em outubro de 2020.
Essa consulta ocorreu após um acordo alcançado por todas as forças políticas - exceto o Partido Comunista - em resposta aos protestos sociais - alguns muito violentos - que ocorriam no país desde outubro de 2019.
SANTIAGO