Em um momento em que as forças leais ao primeiro-ministro Abiy Ahmed acumulam vitórias militares consecutivas e se vê o anúncio dos rebeldes como uma forma de esconder sua derrota no campo de batalha, as perspectivas de paz permanecem, contudo, incertas.
Confira abaixo a situação atual e os desafios para o país:
- Por que os rebeldes declararam retirada?
Oficialmente, a Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF) afirma que sua retirada das regiões de Afar e Amhara pretende abrir caminho para o fim das hostilidades, seguido do início das negociações de paz. A saída para Tigré é, porém, um duro golpe para a TPLF, que, no mês passado, ainda rejeitava os apelos do governo para deixar as duas regiões.
- Que fatores explicam a vitória militar do governo?
A Força Aérea é uma dos setores em que o governo sempre teve vantagem, mesmo quando a TPLF parecia estar em alta, obtendo ganhos territoriais que a colocaram a 200 quilômetros por estrada da capital do país, Adis Abeba.
Ao contrário dos rebeldes, as forças federais têm acesso aos aviões de combate e a drones armados que bombardearam Tigré nos últimos meses, graças ao acordo de cooperação militar firmado pelo governo em agosto com a Turquia.
- A guerra vai acabar?
Não exatamente. O governo anunciou na sexta-feira (24) que suas tropas não avançariam para a região do Tigré, mas advertiu que a decisão pode ser mudada, e um cessar-fogo, não declarado.
Caso se confirme, a trégua temporária dos combates pode ajudar a baixar a temperatura. Observadores próximos do conflito permanecem cautelosos, porém, sobre se declarar o fim da guerra prematuramente.
- Quais são os desafios potenciais imediatos?
A TPLF governou a Etiópia com mão de ferro por três décadas até a chegada de Abiy ao poder em 2018. Também travou uma dura guerra com a Eritreia nos anos 1990.
O conflito atual exacerbou as rivalidades étnicas com os Amhara - o segundo maior grupo étnico nacional -, particularmente cautelosos com os rebeldes e sua enorme força de combate, estimada em 250.000 membros.
A TPLF já pediu ao Conselho de Segurança da ONU que garanta a retirada das forças Amhara e das tropas eritreias da região, reivindicada por Amharas e tigrenses.
- O que a comunidade internacional pode fazer?
Apesar dos obstáculos, a possibilidade de interrupção dos confrontos criou uma pequena oportunidade de diálogo, com o objetivo de encerrar um conflito que deixou milhares de mortos e deflagrou uma grave crise humanitária.
audima