A entidade acusadora "abriu uma investigação prévia pelo crime de peculato e outros conexos, vinculando principalmente Rafael Correa e altas autoridades de seu governo", disse à AFP o parlamentar.
Villavicencio, um jornalista contrário a Correa, durante o governo de quem se considerou perseguido político, forneceu uma cópia da notificação da Procuradoria dirigida à Assembleia Nacional. No documento destaca-se a abertura da investigação "pelo suposto crime de peculato", dando trâmite a uma recomendação da comissão parlamentar de fiscalização, chefiada pelo deputado.
Segundo esta comissão, Saab aproveitou-se do Sistema Único de Compensação Regional (Sucre), uma moeda virtual adotada em 2009 por países da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) em substituição ao dólar.
A Alba atualmente é formada por Cuba, Venezuela e Nicarágua. O Equador abandonou o bloco em 2018 e a Bolívia, um ano depois.
Com sua empresa colombiana Fundo Global de Construções, com filial no Equador, Saab "negociou a exportação de casas pré-fabricadas para a Venezuela por 350 milhões de dólares", em uma operação similar à realizada anteriormente da Colômbia, tudo durante o governo do falecido Hugo Chávez, explicou Villavicencio.
Caracas pagou em bolívares e a filial de Saab no Equador recebeu em dólares através do Banco Central equatoriano por meio do sistema Sucre.
"Da Colômbia não se exportou nem uma porta e o Equador é deficitário deste tipo de casas", manifestou Villavicencio e disse que "se tratava de operações ilegais, fictícios e superfaturadas".
O parlamentar considera que Correa fez parte das irregularidades, ao ser "o autor direto deste mecanismo", em alusão ao Sucre.
O ex-governante socialista radicou-se na Bélgica pouco após concluir seu mandato, em maio de 2017, e no Equador a justiça o sentenciou, juntamente com vários de seus ex-colaboradores, a oito anos de prisão, por receber propinas em troca de contratos com diversas empresas.
Saab foi detido em junho de 2020 durante uma escala em Cabo Verde e foi extraditado em outubro passado a pedido da justiça americana, que o considera suposto testa-de-ferro de Maduro.
Alega que entre 2011 e 2015 usou o sistema financeiro americano para lavar os ganhos ilícitos obtidos, transferindo 350 milhões de dólares da Venezuela, através de contas nos Estados Unidos e em outros países.
Já extraditado, Saab declarou-se inocente. Atualmente, seu julgamento é esperado em Miami.
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