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Estado de Minas MOSCOU

Presidente cazaque descarta negociação e autoriza polícia a atirar em manifestantes


07/01/2022 14:54 - atualizado 07/01/2022 14:55

O presidente do Cazaquistão, Kassym Jomart Tokayev, rejeitou nesta sexta-feira (7) qualquer negociação e autorizou as forças de segurança a abrirem fogo "sem aviso prévio" para pôr fim aos protestos que abalam o país.

O maior país da Ásia Central foi palco de uma revolta que eclodiu nas províncias no domingo, após um aumento do preço do gás, e se espalhou para outras cidades, especialmente para Almaty, a capital econômica, onde as manifestações se tornaram tumultos violentos e caóticos.

Um contingente de tropas russas e aliadas chegou a esta ex-república soviética na quinta-feira para apoiar o governo e proteger prédios oficiais, junto com as forças de segurança locais.

Nesse sentido, o presidente cazaque agradeceu ao presidente russo Vladimir Putin, que "respondeu muito rapidamente" ao seu pedido de ajuda.

"Dei a ordem de atirar para matar sem aviso prévio", declarou Tokayev em discurso transmitido pela televisão, acrescentando que "os terroristas continuam danificando propriedades e usando armas contra os cidadãos".

Tokayev rejeitou qualquer negociação e prometeu "eliminar" os "bandidos" que provocaram os distúrbios. Segundo ele, são cerca de "20.000" pessoas, com um "plano claro".

"Que tipo de negociação se pode ter com criminosos, com assassinos? Enfrentamos bandidos armados e treinados (...) Temos que destruí-los, e é o que faremos em pouco tempo", acrescentou.

Pouco antes, Tokayev havia declarado que a ordem constitucional foi "amplamente restabelecida em todas a regiões, após dias de protestos sem precedentes. Os militares russos destacados começaram a "abandonar algumas das tarefas atribuídas a eles", de acordo com Moscou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse às agências russas que Vladimir Putin conversou várias vezes com Tokayev nos últimos dias sobre "a situação no Afeganistão e ações conjuntas no âmbito da CSTO", a Organização do Tratado de Segurança Coletiva, liderada pela Rússia.

- Prateleiras vazias -

O Ministério do Interior informou que 26 "criminosos armados" morreram, e 18 ficaram feridos. Por sua vez, as forças de segurança relataram 18 mortos e 748 feridos entre suas tropas.

As autoridades estabeleceram 70 postos de controle em todo o país e, até agora, mais de 3.800 pessoas foram detidas.

Nesta sexta-feira, nas ruas de Almaty ainda havia veículos carbonizados e poças de sangue, embora a circulação fosse gradualmente retomada, enquanto caminhões blindados da polícia patrulhavam, observaram jornalistas da AFP.

A fachada da Prefeitura, queimada na quarta-feira, assim como a residência presidencial, ficou enegrecida e a fumaça continuava a vazar pelas janelas.

Em um distrito financeiro, que teve todos os bancos fechados, a polícia parava e revistava carros com motoristas considerados suspeitos.

A maioria dos voos para o país foram cancelados e as agências de imprensa russas informaram, citando autoridades do Cazaquistão, que o aeroporto de Almaty só estará operacional para voos militares até domingo.

Em meio a vidros quebrados e ruas repletas de montanhas de lixo, os pequenos supermercados reabriram, mas muitos estavam com as prateleiras vazias e era difícil encontrar produtos básicos como pão.

Alguns postos de gasolina foram abertos, levando a longas filas de veículos.

- Indignação contra o ex-presidente -

Há vários dias, um movimento de protestos varre o país desde o último domingo (2) contra o aumento do preço do gás.

A intensidade e a rapidez desses distúrbios tiveram impacto no Cazaquistão, um país de 19 milhões de habitantes, rico em recursos naturais e reputado por seu governo estável e autoritário.

As autoridades inicialmente tentaram acalmar os manifestantes, sem sucesso, concedendo uma redução no preço do gás, destituindo o governo e estabelecendo o estado de emergência e o toque de recolher noturno em todo o país.

Apesar do aumento de preços, a raiva dos manifestantes foi direcionada ao ex-presidente Nursultán Nazarbayev, de 81 anos, que governou o país autocraticamente de 1989 a 2019 e mantém grande influência. Ele também é considerado o mentor do atual presidente.

Alguns meios de comunicação cazaques alegaram que Nazarbayev e sua família deixaram o Cazaquistão, mas essa informação não pôde ser verificada com uma fonte independente.

Nesta sexta, o presidente da França, Emmanuel Macron, e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediram moderação e o fim da violência no Cazaquistão.

O presidente chinês, Xi Jinping, elogiou, por sua vez, a repressão mortal adotada pelo governo cazaque, classificando o presidente Tokayev como um líder "muito responsável", informou a imprensa local.


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