Os números não puderam ser confirmados por uma fonte independente, mas 103 das mortes teriam sido registradas em Almaty, capital econômica, segundo informaram vários jornais, citando o ministério da Saúde.
O saldo se agravou: até então, fontes oficiais indicaram que 26 manifestantes morreram (chamados por elas de "criminosos armados") e 16 membros das forças de segurança.
Na tarde de domingo, o comunicado desapareceu do canal do governo no Telegram e o Ministério da Saúde indicou à mídia cazaque e russa que a informação foi publicada por engano.
No entanto, não desmentiram a informação e não foram fornecidos novos números.
No total, cerca de 5.800 pessoas foram detidas, "entre as quais há muitos estrangeiros", em 125 investigações diferentes, informou a Presidência cazaque em um comunicado, sem fornecer mais detalhes.
"A situação se estabilizou em todo o país", apesar de as forças de segurança continuarem realizando operações de "limpeza", acrescentou a fonte, após uma reunião de crise convocada pelo presidente Kassym Jomart Tokayev.
O Cazaquistão, um país com 19 milhões de habitantes, rico em hidrocarbonetos, foi abalado por distúrbios sem precedentes desde sua independência, em 1989, nos quais morreram dezenas de pessoas.
O protesto começou no domingo passado nas províncias devido ao aumento dos preços do gás e depois se espalhou para as grandes cidades, incluindo Almaty, onde houve distúrbios e a polícia disparou balas reais contra os manifestantes.
De acordo com o ministério do Interior cazaque, citado neste domingo pela imprensa local, os danos materiais foram estimados em cerca de 175 milhões de euros (199 milhões de dólares).
Mais de 100 empresas e bancos foram saqueados e cerca de 400 veículos destruídos, segundo a fonte oficial.
Almaty retornou a uma tranquilidade relativa nos últimos dias, mas agentes da polícia dão tiros de advertência para o alto para evitar que seus habitantes se aproximem da praça central da cidade, observou um jornalista da AFP no sábado.
Sinal do tímido retorno à normalidade, 30 supermercados reabriram neste domingo, segundo os jornais, pairando sobre a população a preocupação de uma possível escassez.
O aeroporto local, que deveria reabrir na segunda-feira, permanecerá fechado "até uma estabilização da situação", indicaram as autoridades neste domingo.
- "Alta traição" -
No sábado, o ex-diretor dos serviços de Inteligência, Karim Massimov, foi preso por suspeitas de "alta traição".
Em um discurso virulento para a nação, Tokayev afirmou na sexta-feira que 20.000 "bandidos armados" atacaram Almaty e autorizou as forças de segurança a "atirar para matar" sem aviso.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, criticou no domingo essa declaraçõ e pediu ao governo do Cazaquistão que abandone essa política.
"É algo que eu rejeito totalmente. A ordem de atirar para matar, como está, está errada e deve ser rescindida", disse o chefe da diplomacia do presidente Joe Biden ao talk show de domingo "This Week", da rede ABC.
ALMATY