"Conseguimos determinar que há 18.000 metros quadrados de praias afetadas pelo derramamento de hidrocarbonetos", disse a presidente do Órgão de Avaliação e Fiscalização Ambiental (OEFA, na sigla em espanhol) do Ministério do Meio Ambiente peruano, Miriam Alegría, à emissora de televisão ATV.
O vazamento ocorreu no sábado em uma operação da refinaria La Pampilla, que pertence à espanhola Repsol, durante o processo de descarregamento do navio-tanque "Mare Dorium", de bandeira italiana, supostamente devido à violência das ondulações.
"Os danos são bastante graves porque também estamos falando de áreas protegidas que estão sendo afetadas", acrescentou Miriam.
Segundo as autoridades, foram encontrados animais mortos cobertos de petróleo. A Refinaria La Pampilla assegurou nesta terça-feira em um comunicado que "desde o início do incidente estão realizando trabalhos de remediação do litoral e limpeza das praias".
A empresa detalhou que no mar "foram estendidos mais de 1.500 metros de barreiras de contenção, que cobrem todas as áreas afetadas" e que "atualmente seis lanchas com brigadas de 50 pessoas vêm recuperando hidrocarboneto com escumadeiras tipo skimmer e material absorvente especial para sua posterior disposição segura".
Quanto à resposta em terra, a refinaria informou que "vem trabalhando para devolver a área de litoral a seu estado original", com mais de 200 pessoas em grupos "com equipamento especializado para trabalhos de remediação nas praias Cavero, Bahía Blanca e Santa Rosa", seguindo os protocolos e as normas exigidos.
A refinaria sustentou, ainda, que está "colaborando estreitamente com as autoridades competentes para superar o incidente, fornecendo-lhes toda a informação exigida".
Nesta terça, cerca de trinta pescadores e moradores do distrito de Ventanilla, em Callao, realizaram um protesto em frente à Refinaria La Pampilla, exigindo ações de remediação por parte da empresa.
Miguel Ángel Núñez, líder de um dos sindicatos de pescadores da região, disse à imprensa no local que o vazamento "está nos afetando e contaminando a biodiversidade nas águas. Não vemos que estejam fazendo nenhum trabalho (...) Tem gente que vive da pesca diária".
Três praias foram afetadas pelo vazamento no distrito litorâneo de Ventanilla del Callao, e duas reservas naturais protegidas no Oceano Pacífico, de acordo com o OEFA.
O órgão assinalou que a refinaria havia reportado o derramamento de cerca de 25 litros de petróleo num espaço de apenas 2,5 metros quadrados. "Isso não se encaixa com o impacto causado nas praias de Ventanilla", ressaltou Miriam.
A Refinaria Pampilla informou no domingo que tinha havido um "derramamento limitado" na costa de Lima.
- Aves resgatadas cobertas de petróleo -
Ontem, o Ministério Público abriu uma investigação por crime de contaminação ambiental contra os representantes legais e funcionários da refinaria.
Segundo o MP, a empresa causadora do vazamento poderia ser multada em cerca de 34,5 milhões de dólares.
"Há aves que conseguimos resgatar, (mas) continuam aparecendo estragos deste petróleo. É lamentável", disse Luis Vargas, protetor da fauna de Ventanilla em declarações ao canal de televisão ATV.
O Serviço Nacional Florestal (Serfor) reportou que foram resgatadas cinco aves cobertas de petróleo.
A Marinha peruana, por sua vez, confirmou que o navio-tanque de bandeira italiana permanecerá ancorado na baía do porto de Callao até o término das investigações.
"Está com impedimento de zarpar", disse à AFP o capitão do porto de Callao, Roberto Teixeira.
No sábado, a erupção vulcânica submarina no Pacífico levou pânico às ilhas do reino de Tonga, com um tsunami que provocou ondas de até 15 metros, segundo informou nesta terça-feira o governo tonganês.
A erupção foi ouvida até no Alasca, a cerca de 8 mil km de distância, provocando um tsunami que inundou áreas costeiras do Pacífico do Japão até os Estados Unidos, chegando também à América do Sul, onde duas mulheres morreram após serem arrastadas pelas ondas no litoral peruano.
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