Desde muito cedo pela manhã, 1.200 policiais fortemente armados entraram na comunidade situada na Zona Norte da cidade, considerada um bastião do Comando Vermelho, informou a Polícia Militar no Twitter.
"O Governo do Estado [do RJ] inicia uma retomada de território na comunidade do Jacarezinho. Comunidades que estão no entorno também serão ocupadas", afirmou a força em uma de suas postagens na rede social, acompanhadas de fotos e vídeos dos agentes patrulhando as ruas.
Até o momento, a situação era de "aparente tranquilidade" e não há registro de "tiroteios" entre criminosos e autoridades, afirmou o porta-voz da PM, Ivan Blaz, aos jornalistas.
"Era necessário que fizéssemos este trabalho de cerco e agora é fazer vasculhamento, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão e verificação de antigos mandados de prisão", acrescentou Blaz.
As ruas do Jacarezinho estavam vazias e o comércio fechado, em meio a um ambiente tenso e ao medo dos moradores, que não quiseram dar entrevistas, conforme constatou uma equipe da AFP.
- Reformulação das UPPs -
A megaoperação é parte de um programa do governo estadual, batizado de Cidade Integrada, para transformar "as comunidades do estado do Rio" em que atuam organizações criminosas e narcotraficantes, segundo detalhou o governador Cláudio Castro no Twitter.
"Foram meses elaborando um programa que mude a vida da população levando dignidade e oportunidade. As operações de hoje são apenas o começo dessa mudança que vai muito além da segurança", afirmou.
Castro, que assinalou que dará mais detalhes no próximo sábado, disse na semana passada que a iniciativa, com foco social e urbanístico, seria diferente das implementadas em outras épocas, quando as autoridades aplicavam uma estratégia militar contra os grupos criminosos.
Esse enfoque militar é alvo de muitas críticas dos especialistas em segurança e violência, pois apresentam poucos resultados e resultam em um alto índice de letalidade.
O projeto Cidade Integrada substituirá as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), criadas em 2008 durante governo de Sérgio Cabral, que cumpre pena desde 2016 por corrupção.
Com a presença permanente de policiais nas comunidades, as UPPs conseguiram inicialmente reduzir a violência, mas a situação se deteriorou com o tempo, em particular devido à grave crise financeira que afetou o estado do Rio depois dos Jogos Olímpicos de 2016.
- Operação de maio -
O Jacarezinho foi cenário, em maio do ano passado, de uma controvertida e violenta incursão policial que deixou 28 mortos, entre eles um agente das forças de segurança.
A operação tinha como objetivo desarticular uma organização criminosa que recrutava crianças e adolescentes para traficar drogas, roubar, sequestrar e assassinar.
Organizações de defesa dos direitos humanos a classificaram como a operação policial mais mortífera da história de Rio e fizeram denúncias de execuções extrajudiciais, que a ONU pediu que fossem investigadas.
Desde outubro do ano passado, dois agentes estão sendo processados na Justiça por homicídio.
Na época, o presidente Jair Bolsonaro, conhecido por seu discurso de mão dura contra a criminalidade e por sua defesa de policiais e militares, apoiou a operação.
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