Jornal Estado de Minas

EL CALLAO

Novo vazamento em oleoduto da refinaria Repsol no Peru

Um segundo vazamento de petróleo na costa do Peru ocorreu na terça-feira, durante uma operação da Repsol, mas a empresa espanhola descartou nesta quarta-feira(26) que se trata de um "novo derramamento de petróleo".



"O vazamento teria ocorrido no dia 25 de janeiro, quando os trabalhos estavam sendo realizados antes da retirada do PLEM (Pipeline End Manifolds, o fim do duto), que é um equipamento subaquático de coleta e distribuição" da refinaria para os navios, disse a Agência de Avaliação e Controle Ambiental (OEFA), do Ministério do Meio Ambiente, em nota.

O vazamento ocorreu no momento em que centenas de membros da brigada trabalhavam contra o relógio nas praias do Peru para limpar os 6.000 barris de petróleo derramados 11 dias antes, quando o navio-tanque de bandeira italiana "Mare Doricum" descarregava na refinaria La Pampilla, de propriedade da Repsol, em Ventanilla, 30 km ao norte de Lima.

A companhia atribuiu o primeiro acidente à ondas incomuns causadas pela erupção vulcânica em Tonga.

Sobre o ocorrido na terça-feira, a empresa afirmou tratar-se de um "afloramento controlado de resquícios do vazamento ocorrido dia 15 de Janeiro", enquanto se trabalhavam no gasoduto submarino que liga a refinaria aos petroleiros para investigar a causa do acidente.



"Este afloramento foi contido por barreiras, elementos absorventes e o skimmer já instalados na área como medida de segurança. Desta forma, foi possível controlar o hidrocarboneto", disse um comunicado da petrolífera espanhola.

"A Repsol descarta um novo derramamento de óleo", esclareceu.

A entidade técnica estatal que supervisiona os investimentos em energia (Osinergmin) indicou em comunicado que na terça-feira durante a "operação de retirada de remanescentes" de petróleo bruto "foi registado o derrame de um volume estimado de petróleo bruto de 8 barris (quase 1.300 litros), o qual foi controlado".

- 'Foi controlado' -

A Marinha do Peru informou que na terça-feira, uma "mancha oleosa" foi vista nas proximidades do oleoduto durante um voo de inspeção da área afetada pelo primeiro vazamento.

Segundo a Repsol, o petróleo vazou "antes da inspeção e reparação" do oleoduto.



"Constatamos o vazamento, que é relativamente pequeno", disse o capitão do navio Jesús Menacho, chefe de operações da Guarda Costeira peruana, à emissora RPP.

"Foi controlado. Estamos garantindo que esse novo vazamento não chegue às costas", acrescentou.

O petróleo derramado em 15 de janeiro se espalhou por mais de 40 quilômetros da refinaria, matando pássaros e peixes e afetando 21 praias, segundo o Ministério da Saúde. Centenas de pescadores ficaram sem trabalho.

O Ministério do Meio Ambiente confirmou que o vazamento ocorrido há 11 dias afetou mais de 180 hectares (equivalente a cerca de 270 campos de futebol) na faixa de praias e 713 hectares de superfície no mar.

"Vamos fazer as denúncias respectivas no Ministério Público de Ventanilla por este novo vazamento. É indignante que continuem contaminando todos os dias o mar e o meio ambiente", disse à AFP o líder dos pescadores artesanais José Llacuachaqui.

Quase diariamente, dezenas de pescadores protestam nas praias afetadas pelo vazamento, que impede que saiam para o mar para ganhar a vida. Alguns deles foram contratados pela Repsol para limpar as praias, tarefa na qual também participam militares e voluntários.



- Quatro investigados -

O procurador do Ministério do Meio Ambiente, Julio César Guzmán, revelou nesta quarta-feira que quatro funcionários da Repsol, incluindo os responsáveis de Produção e Meio Ambiente, que "ficaram encarregados de avaliar os riscos de gestão, estão sob investigação e serão notificados para prestar declaração ao Ministério Público".

"O dano é inegável, a empresa tem que responder o máximo possível, porque isso é irremediável", disse Guzmán à rádio RPP, sem citar os nomes dos quatro investigados.

O procurador indicou que o crime investigado é o de "contaminação", que na lei peruana "tem uma penalidade de 4 a 5 anos (de prisão), mas se agravado pode subir para 6 a 7 anos", já que os responsáveis da Repsol supostamente forneceram inicialmente "informações falsas às autoridades competentes" sobre o vazamento de 15 de janeiro.

Segundo o Ministério Público, a empresa disse inicialmente que "seis galões de petróleo" vazaram, mas depois foi comprovado que eram, na verdade, quase 6.000 barris (quase um milhão de litros).

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