Jornal Estado de Minas

HAIA

Zona rebelde da Síria foi atacada com cloro em 2016, afirma Opaq

Em um ataque realizado em 2016 contra uma região síria controlada pelos rebeldes foi utilizado cloro, denuncia um relatório da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) publicado nesta terça-feira (1º).



O ataque remonta a 1º de outubro de 2016. Ocorreu perto de um hospital de campanha nos arredores da cidade de Kafar Zita, na província de Hama, no noroeste da Síria, e causou problemas respiratórios em dezenas de pessoas, segundo a Opaq.

De acordo com a organização, várias testemunhas viram pelo menos um objeto caindo de um helicóptero que sobrevoava o local, e os investigadores da Opaq tiveram acesso a um cilindro industrial de cloro que foi encontrado lá.

Com base em evidências digitais e entrevistas com testemunhas, os investigadores da Opaq puderam "relacionar com certeza" o cilindro com o ataque de outubro de 2016.

"A investigação concluiu que existem motivos razoáveis para acreditar que esse cilindro industrial de cloro havia sido utilizado como arma", assinalou a Opaq em comunicado.

Segundo a organização sediada em Haia, na Holanda, várias testemunhas disseram ter visto um helicóptero decolando do aeroporto de Hama - controlado por forças leais ao regime de Bashar al Assad - pouco antes do ataque contra uma zona agrícola onde grupos de rebeldes haviam se refugiado.



"Pouco depois, o helicóptero lançou dois barris, segundo várias testemunhas, enquanto diversas outras afirmaram que apenas viram um barril", diz o relatório da Opaq.

Depois do ataque, "cerca de 20 pessoas sofreram de asfixia e problemas respiratórios", acrescenta o texto, que indica que o cilindro teria liberado "uma substância tóxica irritante".

No conflito que arrasa a Síria desde 2011, tanto os rebeldes como as forças leais a Assad foram acusadas de cometer ataques químicos, mas a maioria dessas acusações recaem sobre as tropas ligadas ao presidente sírio.

O governo sírio sempre negou a utilização de armas químicas e garante que colocou todas as suas reservas deste tipo de armamento sob supervisão internacional, depois de um acordo firmado em 2013 com a Opaq.

Não obstante, a organização exigiu à Síria mais transparência durante uma reunião em novembro de 2021, na qual acusou o regime de não ter declarado suas reservas de armas químicas e de não ter recebido os investigadores da Opaq em seu território.

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