Jornal Estado de Minas

QUITO

Deslizamento de terra deixa 22 mortos no Equador após arrasar ginásio

Um deslizamento de terra causado pelas chuvas mais intensas das últimas duas décadas em Quito deixou pelo menos 22 mortos e 20 desparecidos, na segunda-feira (31), após a destruição de uma quadra de esportes - anunciaram autoridades locais.



Ninguém se lembra de uma destruição de tal magnitude nesta cidade de cerca de 2,7 milhões de habitantes. Lama e escombros se acumularam ao longo de 1km da avenida La Gasca, a mais atingida pela enchente.

"Há 22 mortos no necrotério", disse o prefeito de Quito, Santiago Guarderas, em entrevista coletiva conjunta com outras autoridades, relatando também 20 desaparecidos e 47 feridos, incluindo dois em estado crítico.

Mais cedo, o general César Zapata, chefe da polícia de Quito, havia mencionado 18 mortos.

A forte chuva que caiu por cerca de 17 horas contínuas na cidade desprendeu uma encosta e causou o deslizamento de terra, que destruiu casas, veículos, postes elétricos e uma quadra descoberta do bairro onde um grupo jogava vôlei diante de torcedores.

"As pessoas estavam jogando lá e não puderam escapar. As agarrou de repente e arrastou o campo", disse Freddy Barrios González à AFP.

Este trabalhador de 56 anos estava trabalhando do lado de fora do local quando o deslizamento os surpreendeu. "Aqueles que conseguiram fugir foram salvos, uma família foi enterrada. Morreram aqui, já foram retirados", acrescentou, ainda com a roupa enlameada.



O relato de vítimas aumenta com as horas. O Serviço Nacional de Gestão de Risco informou que 47 pessoas também ficaram feridas (seis em estado crítico) e mais 16 estão desaparecidas.

O general Zapata não descartou encontrar mais corpos enterrados sob milhares de metros cúbicos de lama e escombros.

- Rios de lama -

Desde as primeiras horas após a tragédia, militares com cães treinados vasculham os arredores do campo em busca de sobreviventes.

O local era cercado e tinha várias arquibancadas. No momento do incidente, um número desconhecido de jogadores e torcedores estava dentro.

A corrente, que se originou na encosta do vulcão Pichincha, onde está localizada a capital, afetou principalmente o setor noroeste da cidade, que vem sofrendo fortes chuvas.

"Só ouvimos uma explosão", disse Mauro Piñas à AFP, que disse ter visto "rios de lama" descendo.



A Gestão de Riscos estima que cerca de 200 pessoas foram afetadas pelo desastre natural.

O socorrista Cristian Rivera relatou que várias das vítimas sofreram de hipotermia e que a "lama chegava aos joelhos".

Entre as estruturas danificadas está também um posto policial e uma subestação de energia elétrica.

- "Tragédia de La Gasca" -

O presidente equatoriano, Guillermo Lasso, que viajou para a China na segunda-feira, expressou no Twitter suas condolências aos parentes dos mortos "na tragédia de La Gasca".

"Continuamos trabalhando nas tarefas de busca e resgate, ações de contenção, atendimento psicológico e transferência de feridos para casas de saúde", acrescentou.

Segundo o prefeito de Quito, Santiago Guarderas, caiu mais água na cidade do que o esperado.

No sábado, o volume de chuva foi de 3,5 litros por m2 e, na segunda-feira (31), de 75 litros por m2, quando estavam previstos dois litros por m2.

É "um número recorde, que não tínhamos desde 2003", enfatizou

No foco da emergência, as ruas ainda estão fechadas. O serviço elétrico foi gradualmente restabelecido.

Devido aos efeitos da atual temporada de chuvas no Equador, que desde outubro passado atingiu 22 das 24 províncias do país, 18 mortes e 24 feridos foram registrados até domingo, bem como quase 2.800 afetados e cerca de 200 desabrigados.

Os efeitos atingem rodovias, áreas agrícolas e residências, além de centros de saúde e educação.



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