Lisa Cook, professora da Universidade Estadual de Michigan e ex-assessora econômica do ex-presidente Barack Obama, pode se tornar a primeira mulher negra governadora do Fed.
Durante a audiência junto com os outros dois candidatos perante a comissão bancária do Senado, ela foi criticada por sua pouca experiência econômica para integrar o prestigiado conselho de governadores do Fed.
"Sua jornada, embora muito impressionante (...) não parece relacionada à missão do Federal Reserve", destacou o senador republicano Bill Hagerty.
"Sei que fui alvo de ataques anônimos e mentirosos (...) Sou doutora em economia pela Universidade da Califórnia em Berkeley. Sou especialista em macroeconomia e economia internacional", respondeu Cook.
Para o posto-chave de vice-presidente responsável pela supervisão bancária, Biden escolheu Sarah Bloom Raskin, ex-número dois do Departamento do Tesouro no governo Obama.
As críticas contra ela apontam para seus posicionamentos sobre regulação bancária e mudanças climáticas. Além disso, ela é casada com um democrata da Câmara dos Representantes.
"Estou muito preocupado com o uso do Fed como arma contra indústrias como petróleo e gás", enfatizou o senador Hagerty, ecoando as preocupações levantadas pela Câmara de Comércio dos EUA em uma carta aos senadores.
Raskin tentou tranquilizar a comissão, enfatizando que "o Federal Reserve não existe para favorecer determinados setores" e "não deve escolher vencedores ou perdedores".
- "Hiperventilação" -
Philip Jefferson, professor e administrador do Davidson College, na Carolina do Norte, seria o quarto homem afro-americano no cargo desde a criação do banco central em 1913. Sua nomeação tem maior consenso.
A Casa Branca quer aproveitar as três vagas a serem preenchidas entre os sete cargos no conselho de governadores do Fed para cumprir a promessa de Biden de trazer "uma tão esperada diversidade" para a instituição. A comissão do Senado planeja votar as nomeações em 15 de fevereiro.
Se confirmados, a maioria dos membros do conselho administrador do Fed seria de mulheres pela primeira vez na história, e a maior parte nomeada por um presidente democrata.
"Houve hiperventilação sobre esses indicados", disse o senador democrata Sherrod Brown, presidente da comissão, deplorando as opiniões "baseadas em exageros e declarações falsas, e não no dossiê e na experiência reais".
O parlamentar denunciou especialmente as críticas lançadas contra Lisa Cook pela "blogosfera de extrema direita para desacreditar uma economista altamente respeitada e com sólida experiência em política monetária".
- Combate à inflação -
Mas o apoio também veio do lado republicano. De acordo com Kevin Hassett, economista do governo Donald Trump, o indicado Philip Jefferson é "exatamente o tipo de economista que precisa estar no Fed neste período difícil".
Lisa Cook e Philip Jefferson são "excepcionalmente qualificados", disse a Associação Econômica Nacional, da qual ambos foram presidentes.
Para esses dois economistas, a prioridade imediata é conter a inflação, que é a mais alta em 40 anos.
"Nossa tarefa mais importante é combater a inflação. A alta inflação é uma séria ameaça à longa e sustentada expansão que (...) eleva o padrão de vida de todos os americanos", destacou Lisa Cook durante a audiência.
"O que temos observado em nossa história é que (...) quanto maior a expansão, mais ampla tende a ser, e mais pessoas acessam emprego e prosperidade em todos os grupos socioeconômicos", detalhou Philip Jefferson.
Joe Biden também renomeou o presidente da instituição Jerome Powell para um segundo mandato de quatro anos e escolheu a governadora democrata Lael Brainard como vice-presidente.