"Avaliamos que se as condições meteorológicas permitirem, será em meados do mês de março" a conclusão da recuperação das praias afetadas pelo óleo, disse à imprensa o diretor de Segurança Ambiental da empresa, o espanhol José Terol.
Terol, que chefia as operações de limpeza, explicou que nas áreas costeiras de difícil acesso, como falésias e rochedos, a limpeza levará mais tempo.
"Em meados de fevereiro não haverá mais manchas no mar. Em um cenário otimista, os trabalhos na área de difícil acesso vão terminar no fim de março", afirmou.
O vazamento, considerado um "desastre ecológico" pelo governo peruano, ocorreu enquanto o navio-tanque "Mare Doricum", de bandeira italiana, descarregava na refinaria de La Pampilla, da Repsol, em Ventanilla, 30 km ao norte de Lima. A empresa atribuiu o fato à agitação do mar por causa da erupção vulcânica em Tonga.
A Repsol permitiu nesta quinta pela primeira vez uma visita de jornalistas à refinaria, onde foi instalado um centro de operações de limpeza do vazamento, no qual trabalham 90 especialistas dirigindo quase 3.000 pessoas no terreno.
- Protesto na refinaria -
A mancha negra de petróleo foi arrastada pelas correntes marinhas para o norte até 140 km da refinaria, segundo o Ministério Público, provocando a morte de um número indeterminado de peixes, aves e mamíferos marinhos. Além disso, deixou sem trabalho centenas de pescadores artesanais e comerciantes das praias.
Enquanto Terol falava com a imprensa, do lado de fora da refinaria houve um protesto de dezenas de comerciantes de Ancón, um balneário popular 20 km ao norte das instalações, um dos locais mais afetados pelo vazamento.
Os comerciantes erguiam enormes cartazes, dizendo: "Repsol, assuma o controle", "Repsol assassina, as praias de Ancón estão em luto".
"O motivo do protesto é que nos deixaram sem trabalho por causa desta contaminação do mar de Ancón", disse à AFP Miguel Basurto, mototaxista de 53 anos.
"Nós nos sentimos indignados porque não temos nenhum apoio da empresa Repsol. Eles lavam as mãos e vão embora e nos deixam com toda essa contaminação que afeta crianças e idosos", disse, por sua vez, a comerciante Ana Garrido, de 40 anos.
Vários protestos ocorreram em frente à refinaria desde o vazamento.
- Desabastecimento -
O governo peruano ordenou na segunda-feira que a Repsol paralise as operações de carga e descarga de combustíveis em navios no país, uma medida considerada "desproporcional e insensata" pela companhia, que alertou que pode causar desabastecimento de combustíveis no mercado interno.
O novo chefe de gabinete do presidente peruano, Pedro Castillo, Héctor Valer Pinto, afirmou nesta quinta que está "começando o desabastecimento de combustível desde ontem [quarta-feira], porque La Pampilla não está funcionando por uma resolução que temos que anular".
La Pampilla fornecia 40% do combustível utilizado no Peru, segundo a Repsol.
- "Não é a minha missão" -
O centro operacional da Repsol trabalha noite e dia para monitorar a limpeza, apoiado por 18 satélites que captam imagens do espaço das manchas de petróleo no mar e nas praias, segundo a companhia.
"A operação alcança quase 3.000 pessoas, distribuídas da seguinte maneira: temos 2.400 em terra, 500 no mar e 90 no centro de operações e comando", explicou Terol.
Ele acrescentou que até agora foram recuperados 32% do petróleo vazado e que duas vezes por dia especialistas da Repsol sobrevoam de helicóptero a área afetada.
"Temos equipes para supervisão dos satélites e recuperação do petróleo no mar. Trouxemos mais de 200 toneladas de equipamentos (de Miami, Alasca e Finlândia) e tudo o que for necessário para conter o vazamento", afirmou.
"Estamos trabalhando noite e dia para resolver e processar informação para tomar as melhores decisões", acrescentou Terol, informando que a Repsol contratou 50 empresas estrangeiras para o trabalho.
Terol se negou a falar sobre as causas do vazamento. "Não é minha missão trabalhar neste aspecto", disse sucintamente.
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