"Não sou um agressor", disse à imprensa Valer, a quem o presidente empossou na terça-feira ao formar um novo gabinete, o terceiro em seus seis meses no poder. "Não se pode manchar de forma alguma a honra de uma pessoa", acrescentou.
O advogado e parlamentar de 62 anos admitiu que no passado teve problemas com sua filha universitária, a quem chamou a atenção várias vezes como qualquer pai, mas negou tê-la agredido ou ter sido condenado por violência familiar.
Para se manter nas funções, o gabinete chefiado por Valer precisa do voto de confiança do Congresso, controlado pela oposição, mas esta polêmica pode dificultar que o consiga.
Já anunciaram que negarão o voto de confiança o partido fujimorista e o ultradireitista Renovação Popular, ao qual Valer pertencia até 2021.
O jornal El Comercio, de Lima, reportou que sua esposa e sua filha denunciaram que "foram agredidas por Valer dentro de sua residência" em 21 de outubro de 2016. Em uma delegacia de Lima, a filha declarou naquele dia que seu pai "lhe deu bofetadas, socos, chutes e puxões de cabelo".
Uma juíza determinou em fevereiro de 2017 "medidas protetivas" para a esposa porque havia "indícios de maus-tratos físicos", mas não para a filha, segundo o jornal. Outros jornais peruanos publicaram versões similares.
Valer "não gera confiança", manifestou-se o partido de direita Avança País, mas o chefe de gabinete também sofreu com fogo amigo: o Ministério da Mulher pediu que se "esclareçam e realizem toda as investigações correspondentes" a este caso.
"O Ministério repudia categoricamente todo ato que atente contra a integridade física ou psicológica das mulheres ou dos integrantes do grupo familiar, seja de quem for, sem importar a posição política", destacou a pasta em um comunicado.
Castillo precisou reorganizar esta semana seu governo, após a demissão surpreendente da chefe de gabinete, Mirtha Vásquez, por desavenças sobre promoções na polícia.
Em dezembro, o presidente peruano precisou depor no Ministério Público sobre supostas pressões para promover oficiais militares alinhados com seu governo. Um expediente será aberto sobre o caso quando Castillo encerrar o mandato, pois agora o cargo lhe dá imunidade.
Valer foi eleito para o Congresso em 2021 pelo Renovação Popular, mas foi afastado do partido por exigir que se respeitasse o resultado do segundo turno das eleições presidenciais, vencido por Castillo, enquanto seus colegas denunciavam uma suposta "fraude" na votação.
Os seis meses de Castillo no poder têm se caracterizado por disputas internas em seu governo e embates da direita radical, que tentou em dezembro abrir um processo de impeachment contra ele, que foi rejeitado pelo Congresso.
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