Ingressar nos Estados Unidos agora pode ser mais fácil com o programa "Global Entry", um acordo assinado entre o governo brasileiro e estadunidense que promete simplificar a passagem pelo controle de passaporte do país. A medida, anunciada nesta segunda-feira (7/2), já está em vigor e cidadãos brasileiros que têm interesse de viajar em um período após 90 dias pode criar o cadastro, seguindo o passo a passo .
“Este sistema tem uma finalidade importante para o Brasil: negócios, empresários e, principalmente, interação cooperativa e turismo. Vai beneficiar empresários, agências de turismo, uma série de pessoas”, afirma Sirlene Trindade, advogada e especialista em documentação e em visto.
De acordo com ela, o governo brasileiro espera que o programa estimule negócios e fortaleça relações entre os países.
O advogado especializado em Direito Internacional e consultor de negócios internacionais, Daniel Toledo, explica qual perfil de viajante será beneficiado pelo programa.
“Vai trazer muito benefício para o brasileiro, principalmente, aquele que costuma fazer viagens mais frequentes e que costuma usar o visto B1, vindo muito para os Estados Unidos, participar de congressos e feiras. Aquele turista mais assíduo que já tem um histórico de entradas e saídas dos Estados Unidos, sempre dentro dos períodos concedidos, esses com certeza vão ser muito beneficiados pelo Global Entry."
Para aderir ao programa, é preciso pagar uma taxa de US$ 100 (o equivalente a R$ 529 pelo câmbio atual) à Autoridade de Proteção de Fronteiras e Alfândega do Departamento de Segurança Doméstica dos Estados Unidos (CBP), que coordena o programa. A taxa é válida por cinco anos, ao fim dos quais, precisará ser renovada.
“Depois de pagar a taxa de US$ 100, você receberá um e-mail dizendo para agendar sua entrevista", explica a Sirlene.
Segundo ela, a entrevista vai facilitar muito a vida de quem viaja para os Estados Unidos. “Quando a gente chega aos aeroportos americanos, tem uma fila enorme ou de repente a pessoa fica nervosa e é reprovada. Isso é muito importante para esses casos”.
"Às vezes, as pessoas acabam perdendo horas nas filas para serem entrevistadas pelos agentes para checagem de informações. Vai facilitar muito para muitos brasileiros", concorda Toledo.
Sirlene afirma que este procedimento global está sendo apelidado de "fura-fila".
“Nos aeroportos dos Estados Unidos terá um toten, onde você vai digitar seus dados e sairá imediatamente sua autorização. Você não vai precisar enfrentar uma fila imensa ou passar pelo atendente.”
O Global Entry não substitui a exigência de visto, mas pode acelerar os procedimentos de entrada e saída de estrangeiros autorizados a ingressar em território norte-americano sem passar por filas de imigração nos aeroportos que dispõem de quiosques de atendimento automático que eliminam a necessidade de contato com agentes de imigração.
“A pessoa vai ter que tirar o visto normalmente e depois fazer a solicitação do Global Entry. São duas coisas totalmente distintas e uma não exclui a outra: o Global Entry não exclui o visto e o visto não inclui o Global Entry", explica Toledo.
"Antes de qualquer pessoa buscar o Global Entry tem que passar por todo o procedimento de ter o passaporte, responder o questionário, agendar no Consulado Americano. Depois vai ser aprovado, aí sim esta pessoa poderá acessar o sistema global, pagar uma taxa de 100 dólares, terá uma nova entrevista que poderá ser negada ou não. Se for negada, a pessoa perde os 100 dólares", afirma Sirlene.
"Todos os documentos são obrigatórios: visto, RG, passaporte, endereço, CPF, carteira de motorista. É obrigatório também a vacinação contra COVID-19 e apresentar o comprovante e um teste recente para viajar", completa.
Confira o passo a passo para realizar a inscrição:
Passo 1
O interessado em se inscrever no programa deve acessar o site oficial do governo dos Estados Unidos. Nele, aparecem cinco programas para a entrada facilitada ao país, mas para os brasileiros o que deve ser selecionado é o “Global Entry”:
Passo 2
Em seguida, aparece uma tela para confirmação do programa e certificando que o solicitante deve estar ciente que o processo para a aprovação deve durar cerca de 90 dias:
Caso a pessoa precise viajar para o país em uma data que antecede esse prazo, deve entrar em outro cadastro. Mas, se ainda estiver em dúvida, é possível responder um questionário para certificar:
Passo 3
Para continuar o cadastro, é necessário aceitar os termos de uso:
Passo 4
O passo seguinte é criar um login! Você precisa informar o e-mail para cadastro e confirmar a conta para criar uma senha com letras maiúsculas e minúsculas, números e caracteres especiais:
Também será solicitado um método de proteção de 2 fatores, sendo fornecidas diversas opções, desde o código por SMS a um dispositivo físico:
Passo 5
Ao criar a conta, a próxima etapa é preencher seus dados como nome completo, data de nascimento, país, estado, cidade, e-mail e telefone. Os campos de preenchimento com um * são obrigatórios:
Ao terminar de preencher as informações, é necessário confirmar se já participou de algum outro programa antes:
Por fim, vai abrir uma nova tela com os dados cadastrados para conferir.
Passo 6
Em seguida, é necessário confirmar a elegibilidade - se o solicitante é cidadão dos Estados Unidos. No caso dos brasileiros, é só encontrar “Brazil” nas opções e indicar que não é residente nem dos EUA, México ou Canadá:
Abaixo, informe novamente o plano escolhido: o Global Entry!
Passo 7
Para continuar, é necessário uma confirmação de que não há nenhuma irregularidade como:
- Você fornece informações falsas ou incompletas no aplicativo
- Você foi condenado por qualquer ofensa criminal ou tem acusações criminais pendentes para incluir mandados pendentes (incluindo dirigir sob influência)
- Você foi encontrado em violação de regulamentos ou leis de alfândega, imigração ou agricultura em qualquer país
- Você está sujeito a uma investigação por qualquer agência de aplicação da lei federal, estadual ou local
- Você é inadmissível nos Estados Unidos sob o regulamento de imigração
- Você tem isenções de inadmissibilidade ou documentação de liberdade condicional
- Você não pode satisfazer o CBP de seu status de baixo risco ou não pode atender a outros requisitos do programa
Passo 8
Por fim, é necessário preencher as informações pessoais, cadastrar seus documentos (passaporte) e registrar algum veículo no país. Nesta etapa, também é preciso informar, desde 2017, todos seus endereços e empregos (se foi mais de um, cadastrar todos). Informar também seu histórico de viagens, considerando trajetos para os Estados Unidos, México e Canadá desde fevereiro de 2017.
Passo 9
Antes de finalizar, é preciso responder a um rápido questionário. São perguntas sobre se o solicitante já cometeu algum crime em algum país ou foi pego violando leis de imigração:
Por fim, confira todos seus dados preenchidos.
Após a inscrição
Depois de enviar sua inscrição, é necessário pagar a taxa da US$ 100. No caso do acordo brasileiro, as inscrições no programa são analisadas pela Receita Federal e pela Polícia Federal, antes de serem avaliadas pelo CBP, ao qual cabe a decisão sobre quem pode receber tratamento diferenciado no controle migratório.
Caso aprovada, o sistema do site vai pedir para agendar a entrevista, que será presencial com um funcionário da imigração dos Estados Unidos. A entrevista é individual e pelo site do Global Entry é possível escolher o melhor endereço para o solicitante. Para esta última etapa, a pessoa deve ter em mãos: um passaporte válido e um documento de identificação, como carteira de motorista.
"Vai tornar tudo mais rápido"
Maria Carolina Andrade, de 42 anos, costuma viajar para os Estados Unidos com frequência - seja profissionalmente ou a passeio. "Eu amos esse país, sempre esteve presente na minha vida tanto para atender algumas empresas (de forma remota) ou passear. Desde 2016, a frequência era de uma vez ao ano, e depois, com a participação em congressos, passei a ir mais vezes ao ano", conta.
Ela explica que esse programa vai facilitar sua vida na viagem. "Achei ótimo! Vai tornar tudo mais rápido. Passar pela imigração, por mais que esteja tudo absolutamente correto e de acordo com as leis, é algo que sempre gera um certo frio na barriga. Até porque o visto é apenas uma provável chance de você ingressar no país e não uma garantia. Então, sempre dava aquele medo", diz.
A jornalista agradeceu por nunca ter passado por nenhum problema mais grave, mas já aconteceram alguns 'perrengues'. "Único sufoco que eu passei foi em 2019, no aeroporto de Miami, quando fiquei empacada naqueles tótens. Eu e a minha irmã não conseguíamos passar de forma alguma", relembra.
Maria está fazendo a inscrição no Global Entry no site e conta que, até o momento, não teve nenhuma dificuldade com o processo. Ela planeja voltar aos Estados Unidos ainda este ano. "Difícil apontar uma data, porque com a pandemia de COVID-19 todos os eventos foram remarcados, então estou aguardando passar essa fase. Mas neste ano com certeza vamos dar um pulinho na terra do Tio Sam", afirma. Agora, ela espera ver como o programa vai funcionar na prática.
*Estagiária sob supervisão