Em Nova York, centenas de funcionários municipais manifestaram-se na segunda-feira contra a decisão de demitir, a partir da próxima sexta-feira (11), aqueles que se recusam a ser vacinados contra a covid-19. Eles denunciam uma "tirania médica e vacinação obrigatória" com uma grande bandeira canadense.
No dia anterior, cem caminhoneiros se manifestaram no Alasca contra a vacinação obrigatória, em apoio a seus colegas canadenses.
O "Comboio da Liberdade", lançado no final de janeiro por caminhoneiros canadenses contra a obrigatoriedade de se vacinar para cruzar a fronteira com os Estados Unidos, rapidamente se transformou em protesto contra as medidas sanitárias no Canadá como um todo e, para alguns manifestantes, contra o governo de Justin Trudeau.
Centenas de caminhões bloqueiam o centro da capital canadense, Ottawa, há mais de uma semana, onde o prefeito declarou estado de emergência.
A mobilização recebeu o apoio de conservadores americanos de alto escalão, do senador do Texas Ted Cruz, que os descreve como "heróis" e "patriotas", ao ex-presidente Donald Trump, passando pelo milionário Elon Musk.
E há apelos para estender a mobilização à capital americana.
"O Comboio da Liberdade poderia vir a Washington com caminhoneiros americanos que querem protestar contra a política ridícula de Joe Biden sobre a covid-19", disse Trump.
A onda de protestos se espalhou pelo mundo, alimentada por correntes populistas que denunciam obstáculos à liberdade impostos pelas elites no poder.
- "Muito inspirador" -
Na França, uma página do Facebook, também chamada de "Comboio da Liberdade" e seguida por mais de 275.000 pessoas, convoca os opositores das medidas sanitárias muito restritivas impostas pelo governo a se reunirem em Paris no domingo.
Ao contrário do Canadá, essa mobilização não vem dos caminhoneiros.
O movimento está na linha dos "coletes amarelos", que antes da pandemia denunciavam a precariedade e o alto custo de vida.
Seu objetivo: protestar contra a política do presidente Emmanuel Macron ocupando via pública. Foi revivido por antivacinas e críticos da gestão da crise.
Um dos organizadores do comboio francês, Rémi Monde, chama a iniciativa canadense de "muito inspiradora".
No Facebook, denuncia "as restrições" e "o passaporte da saúde", mas também "o aumento do preço da energia, o custo de vida e a diminuição (da idade) de aposentadoria", demandas, estas últimas, que lembram as dos "coletes amarelos".
Monde insiste que a mobilização é "apolítica", como forma de criticar os líderes políticos, especialmente da extrema direita, que tentam se aproveitar do movimento.
Outros grupos nas redes sociais também pediram uma mobilização em Bruxelas, sede da União Europeia.
O movimento chegou à Nova Zelândia, onde um comboio de caminhões e caravanas bloqueou o bairro do Parlamento na capital, Wellington, na terça-feira para protestar contra as atuais medidas de saúde, que estão entre as mais draconianas do mundo.
Centenas de veículos, com mensagens como "devolva-nos a nossa liberdade" e "coerção não é consentimento", estacionaram nas ruas próximas ao Parlamento.
A primeira-ministra, Jacinda Ardern, afirma que a maioria dos neozelandeses apoia o programa de vacinação do governo, bem como vacinas obrigatórias para algumas profissões e a entrada em vigor de um passaporte de saúde.