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Estado de Minas MOSSUL

Bibliotecas de Mossul ganham nova vida após horror do jihadismo


09/02/2022 14:33

A universidade de Mossul - uma das maiores do Iraque - se prepara para a reinauguração de sua esplêndida biblioteca central, danificada pelos combates e pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que queimou milhares de livros.

A metrópole do norte do Iraque era conhecida por suas bibliotecas, livrarias e livros raros, preservados durante séculos.

Contudo, quando Mossul esteve sob o controle do EI, entre 2014 e 2017, era proibido ler livros que violassem a ideologia radical dos jihadistas.

Assim, milhares de livros de filosofia, direito, ciências e poesia foram queimados e os jihadistas venderam algumas obras preciosas no mercado negro.

"Quando voltamos, vimos os livros retirados de suas estantes, no chão e queimados", lembra Mohamed Yunes, diretor da biblioteca.

Apesar das perdas incalculáveis, o novo edifício reabrirá suas portas no final de fevereiro, após uma renovação financiada pela ONU.

Erguida em quatro andares, a biblioteca contará, de início, com mais de 32 mil livros nas estantes, além dos títulos disponíveis para consulta online. Com o tempo, deverá reunir cerca de 1 milhão de livros.

"Antes tínhamos mais de 1 milhão de livros, alguns dos quais não eram encontrados em nenhuma outra universidade do Iraque", comenta Yunes.

O estabelecimento, fundado em 1967, se viu privado de 85% de suas obras. Com os jihadistas às portas de Mossul, "apenas conseguimos transferir os livros raros e um número limitado de revistas estrangeiras", explica.

Não obstante, para compensar as perdas, Yunes menciona um "número muito importante" de doações de livros efetuadas por "universidades internacionais e árabes, para permitir o renascimento da biblioteca".

"A universidade de Mossul é a mãe de todos os livros. Há uma grande diferença entre o que costumava ser, e sua situação atual depois do EI", lamenta Tarek Attiya, um estudante de linguística de 34 anos.

Cidade histórica de comerciantes e aristocratas, Mossul se orgulhava de ter uma vida cultural e intelectual muito rica.

Entre as doações das grandes famílias, a produção local e os intercâmbios culturais, esta encruzilhada comercial histórica do Oriente Médio conservava milhares de livros raros e antigos, sobretudo litúrgicos.

A biblioteca de Waqf, a instância pública que administra os bens religiosos muçulmanos, conservava pergaminhos de 300 ou 400 anos de idade, mas "todos desapareceram", lamenta o responsável, Ahmed Abd Ahmed.

Por sua vez, a biblioteca central de Mossul reabriu suas portas no fim de 2019, depois das obras de reconstrução. O estabelecimento público, fundado em 1921, abrigava 121.000 títulos, entre eles "alguns livros e revistas que datavam de quase um século", afirma o diretor Jamal Al Abd Rabbo.

Em suas estantes estão alinhadas antigas manufaturas encadernadas de couro desgastado. "Perdemos 2.350 livros de literatura, sociologia e religião", explica o responsável. Contudo, entre aquisições e doações, o estabelecimento conta agora com 132.000 títulos", destaca.


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